Cardiologia é tema do debate do Webinar APM/Regionais

Na última quarta-feira, 23 de junho, a Associação Paulista de Medicina e as Regionais de Valinhos e Amparo promoveram mais uma edição do Webinar APM

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Na última quarta-feira, 23 de junho, a Associação Paulista de Medicina e as Regionais de Valinhos e Amparo promoveram mais uma edição do Webinar APM. Dessa vez, o foco foi em temas cardiológicos, com os especialistas falando sobre o “Manejo do Portador de Fibrilação Atrial no Período Perioperatório de Cirurgia Não-Cardíaca” e do “Protocolo de Dor Torácica em Pronto-Socorro”.

João Sobreira de Moura Neto, 1º vice-presidente da APM, apresentou a live. “Esses encontros cumprem um dos objetivos da Associação: o de disseminar conhecimento na área científica. Não somente para os associados, mas a todos os médicos e demais profissionais interessados nas áreas apresentadas”, introduziu.

Na sequência, o presidente da APM Amparo, Roberto Pavani, convidou o palestrante José Ricardo Nasr, médico cardiologista formado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e, ex-presidente da Regional. Um dos objetivos do convidado foi relembrar alguns protocolos cardíacos que devem ser executados em prontos-socorros, uma vez que, em sua visão, muitas vezes eles não são colocados em prática com dores torácicas.

“Temos que ter em mente que a dor torácica é responsável por cerca de 10% dos atendimentos em um PS e é sinal de alerta importante para doenças graves e até letais, tendo alto custo de internação. Até 20% [dos episódios de dor] são por síndrome coronariana aguda, que leva a complicações importantes do músculo cardíaco”, explicou.

Nasr chamou atenção para o fato de que em torno de 10% dos pacientes com dores torácicas são liberados inadvertidamente dos prontos-socorros, sem passar por investigações necessárias. O que pode representar riscos tanto para esses indivíduos, quanto para os próprios médicos.

Direcionamento
Como conduzir, então, esses quadros? O fundamental é que aconteça uma anamnese direcionada e bem-feita, com levantamento dos fatores de risco do paciente. É necessário saber os seus antecedentes pessoais e familiares, se tem hipertensão, diabetes, se é tabagista, se passa por estresse etc., recomenda o especialista.

“A anamnese será importante demais, inclusive, para os escores que vão nos guiar na conduta a ser tomada. Além disso, o eletrocardiograma é imperioso, devendo ser feito com intervalo de dez minutos entre a chegada do paciente ao PS e o exame.”

O palestrante também mostrou com avaliar a dor torácica levando em conta três pontos. O primeiro deles é a característica da dor – se é um aperto, se atinge a mandíbula ou a região cervical, se causa dispneia ou síncope etc. O segundo é o fator desencadeante – foi por estresse ou por esforço físico? E o último é a duração.

“Há de se verificar se está melhor após três ou cinco minutos de repouso ou após uso de nitrato sublingual. Se os três fatores mencionados estiverem presentes, estamos diante de um quadro típico de dor anginosa. Se forem dois, é um quadro de dor atípica anginosa. Caso seja somente um, é uma dor não anginosa”, completou Nasr.

Outras discussões
Na sequência, André Ricardo Lamberti Obici, presidente da APM Valinhos, convidou Cláudio Pinho, professor de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, para fazer uma introdução ao manejo do portador de fibrilação atrial no período perioperatório de cirurgia não-cardíaca.

“Antes da pandemia, acontecia no mundo cerca de 300 milhões de procedimentos cirúrgicos – 10% deles nos Estados Unidos. Segundo o Datasus, no Brasil aconteciam aproximadamente três milhões. Desses números, a fibrilação atrial é responsável por cerca de 1% a 3% dos procedimentos.”

Segundo a intervenção de Pinho, a fibrilação atrial é multifatorial. Em uma cirurgia, por exemplo, haverá episódio de dor, que vai ativar em cascata uma inflamação, podendo ter anemia, hipoxemia ou hipovolemia. Além disso, há fatores predisponentes como idade, gênero, obesidade, histórico de hipertensão e doença cardíaca estrutural, entre outros.

Após a palestra do professor da Puc-Camp, João Sobreira parabenizou as aulas de ambos os convidados. “Vemos que o conhecimento aliado à experiência é muito importante. Temos, hoje, muita informação e acesso, mas em excesso. Quem faz essa filtragem e pode nos orientar são vocês”, afirmou o vice-presidente da APM.

Na sequência, José Ricardo Nasr comentou que a Medicina não pode ser feita apenas de condutas protocolares, mas exige sensibilidade e reforço da relação médico-paciente. “A gente tem que passar isso aos mais jovens, resgatando um pouco da Medicina de tempos atrás. Não sou saudosista, adoro novidades, mas esse tipo de sentimento gostaria de deixar aos mais jovens.”

Pinho retomou a palavra para dizer que eventos como o Webinar APM unem aos médicos, além de cumprirem o fundamental papel de trazer atualização, sobretudo aos do interior. “Temos, por aqui, algumas limitações, mas fazemos Medicina humanizada e de alto nível. A APM está de parabéns pela iniciativa”, completou.

O presidente da APM Valinhos agradeceu ao suporte tecnológico oferecido pela entidade estadual para que a Regional siga realizando eventos de atualização científica – um dos principais propósitos das Associações.

“É extremamente importante a oportunidade que as Regionais estão tendo de mostrar que, embora estejam em cidades interioranas, também contam com bons profissionais. É importante para que os mais jovens reconheçam que, independente do tamanho da cidade, existem bons médicos, interessados em passar experiências e mostrar que a Medicina ainda pode ser ética e brilhante”, finalizou Roberto Pavani, presidente da APM Amparo.

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