O mais recente boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde traz dados sobre a situação epidemiológica da coqueluche no Brasil. A doença infecciosa aguda compromete especialmente o aparelho respiratório e se caracteriza por paroxismos de tosse seca. A transmissão ocorre pelo contato direto com uma pessoa infectada, através da tosse, fala ou espirro.
De acordo com o documento, entre 2018 e 2021 foram notificados 16.211 casos suspeitos de coqueluche, dos quais 4.129 (25%) foram confirmados. No período em questão, a incidência foi de 0,4 casos para cada 100 mil habitantes. Os estados de São Paulo (5.372), Pernambuco (2.311), Paraná (1.343) e Minas Gerais (1.256) apresentaram o maior número de notificações – sendo que Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais representam 25%, 17% e 11%, respectivamente, dos casos confirmados.
Em praticamente todos os estados do País houve redução significativa nos casos notificados e confirmados: entre 2018 e 2019, a redução foi de 20% na notificação dos casos. Na comparação entre o ano de 2018 e os anos de 2020 e de 2021, a redução foi de 86% e 85%, respectivamente. Com relação aos casos confirmados, entre 2018 e 2020 a redução foi de 89% e, entre 2018 e 2021, de 93%.
A região Sudeste registrou a maioria dos casos notificados, com 7.207 (44%), seguida da região Nordeste, com 4.191 casos (26%), e da região Sul, com 2.696 casos (16%). Entre os casos confirmados, a região Nordeste apresentou 1.598, o maior percentual (39%), seguida da região Sudeste, com 1.369 casos (33%), e Sul, com 685 casos (17%).
A grande maioria dos casos confirmados ocorreu em pessoas que residiam em zona urbana (88%). Já em relação ao sexo, 55% dos casos confirmados eram do sexo feminino. Em relação à faixa etária, do total de casos confirmados, 53% (2.188) ocorreram nos menores de um ano de idade – dos quais 74% (1.619) tinham menos de seis meses. Esse é o grupo mais suscetível à doença, uma vez que não receberam o esquema vacinal completo.
A maioria dos casos (2.252/55%) da doença foi confirmada pelo critério clínico e, entre os confirmados encerrados por laboratório (1.224), 540 (44%) obtiveram isolamento da Bordetella pertussis, o agente etiológico da coqueluche pela cultura. O boletim aponta ainda que foram confirmados 23 óbitos entre 2018 e 2021, sendo 10 no primeiro ano, 11 no segundo e dois no terceiro. Em 2021, não houve registro de óbito pela doença.
Em relação à situação vacinal, 31% dos casos encontram-se sem informação. Entre as pessoas com idade de 2 a 11 meses, 363 (9%) não têm registro de nenhuma dose recebida, sendo que esses indivíduos deveriam ter recebido pelo menos uma dose da vacina. E 329 casos (8,2%) tinham o esquema vacinal completo.
Sobre a cobertura vacinal com a vacina Penta, o boletim destaca um processo de queda na cobertura. Em 2018, apenas seis estados alcançaram a meta de vacinar 95% ou mais dos menores de um ano. Já em 2019, 2020 e 2021, nenhum estado alcançou a meta.
Situação epidemiológica em 2022
Até a semana epidemiológica (SE) 32 de 2022 (13/08/2022), foram notificados 1.226 casos suspeitos de coqueluche, dos quais 135 foram confirmados. Os casos encontram-se distribuídos em todos os estados do País, com destaque para Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e Bahia, que concentram 63% do total.
Assim como nos outros anos, a faixa etária mais acometida é a dos menores de um ano (47%), seguida pela faixa etária de 1 a 4 anos (38,5%). A incidência nessa mesma faixa etária foi de 2,3 casos para cada 100 mil habitantes. Entre os menores de um ano, 90% (57 de 63) dos casos ocorreram nos menores de seis meses. Ainda, o sexo masculino representou 53% de todos os casos.
Com relação à cobertura vacinal, até a SE 32 nenhum estado havia atingido a meta de vacinar 95% ou mais dos menores de um ano e nenhum óbito havia sido registrado.
