Defesa Profissional participa de evento da Unimed Campinas

Pandemia de Covid-19 somada a um histórico recente de crise econômica brasileira. Como a saúde suplementar está sendo impactada? Este foi o mote do evento “Gestão e Saúde em Foco”, da Unimed Campinas, realizado de forma virtual no último dia 14 de setembro. O diretor de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina, Marun David Cury, foi um dos debatedores, tendo participado do módulo sobre novos modelos de remuneração praticados no Brasil.

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Pandemia de Covid-19 somada a um histórico recente de crise econômica brasileira. Como a saúde suplementar está sendo impactada? Este foi o mote do evento “Gestão e Saúde em Foco”, da Unimed Campinas, realizado de forma virtual no último dia 14 de setembro. O diretor de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina, Marun David Cury, foi um dos debatedores, tendo participado do módulo sobre novos modelos de remuneração praticados no Brasil.

“Nós, da Associação Paulista de Medicina, defendemos uma Medicina de alta qualidade e resolutividade. Defendemos a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), combatemos quaisquer tipos de fraude e desperdícios. E queremos que tanto o médico/prestador quanto a operadora entendam que quem os mantêm são exatamente os usuários do plano, portanto, merecem receber uma assistência de qualidade”, pontuou Marun.

Ele ainda informou aos presentes que a entidade tem feito uma série de movimentos nesse sentido, o que resultou, inclusive, na criação de uma câmara técnica no Conselho Regional de Medicina para discutir os desperdícios, solicitações excessivas de exames, entre outros problemas, na saúde suplementar.

“Na outra ponta, de maneira geral, as operadoras querem implantar modelos de remuneração, mas os médicos não são convidados para participar das discussões, se aquele modelo proposto é factível, se perde em algum aspecto ético, se visa realmente o bem-estar do paciente e se tem uma ótima resolutividade. Será que a operadora quer apenas uma melhoria na sua sinistralidade?”, criticou o diretor da APM.

Marun Cury também relembrou que desde quando assumiu a Defesa Profissional da Associação, no final de 2011, todos os presidentes deram autonomia para estabelecer um diálogo aberto com as operadoras de planos de saúde. “Acredito que esse é o caminho. Precisamos de uma vez por todas quebrar essa desarmonia que há entre operador e prestadora, e a única maneira de romper com isso é sentar e conversar, incluindo nessas conversas as sociedades de especialidades”, concluiu.

Modelos de remuneração

Ana Maria Malik, professora titular da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), também palestrou no módulo, expondo os modelos de remuneração praticados no Brasil:

– fee for service (FFS) ou conta aberta (modelo hegemônico de serviços especialmente de profissionais de Saúde, além de ser o mais utilizado no setor privado);
– pagamento por diárias hospitalares (específico para remuneração de contas hospitalares; se constitui de valores estabelecidos por dia de permanência do paciente, podendo ser global ou semi-global);
– capitation (remuneração de médicos e outros prestadores de serviços de Saúde por meio de estabelecimentos de um valor fixo por paciente cadastrado para o fornecimento de serviços previamente contratados para uma população definida e em um período especificado);
– DRG (diagnosis related groups, ou grupo de diagnósticos homogêneos) – classificação de pacientes que tem por objetivo definir o produto hospitalar para fins de monitoramento para a utilização de serviços e avaliação e gerência da qualidade de atenção hospitalar;
– assalariamento (consiste no pagamento clássico como contraprestação dos serviços executados pelo empregado, de acordo com o número de horas trabalhadas, incluindo benefícios sociais da relação formal de trabalho).

A especialista também falou sobre os custos crescentes em Saúde, que partem da maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e do aumento constante das infectocontagiosas, a exemplo do novo coronavírus; além da crescente expectativa de vida e incorporação de tecnologia em Saúde, que resulta em procedimentos mais complexos e onerosos.

“Dada a incorporação de novas tecnologias, temos três questões, em última instância voltada à segurança em Saúde: o uso em excesso, o usar errado e o usar de menos. Hoje, com a Covid-19, a testagem ainda está muito abaixo do que seria desejado, existem algumas terapêuticas farmacológicas que estão sendo usadas e há muito exame feito sem necessidade”, exemplifica Ana Maria.

Ela acrescenta que o modelo de financiamento dos sistemas de saúde tem evoluído ao longo dos últimos anos, dados fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, demográficos e sanitários. Hoje, o gasto global anual em Saúde é estimado em 10 trilhões de dólares, o que representa 8,2% do PIB mundial.

Participaram também do debate os médicos Flavio Leite Aranha Junior e Gerson Muraro Laurito, ambos da Unimed Campinas.