Gestão da qualidade na Saúde pós-pandemia é tema de Congresso do CQH

Na última quarta-feira, 28 de setembro, o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH) da Associação Paulista de Medicina deu início ao XXII Congresso Brasileiro de Qualidade em Serviços de Saúde e V Congresso de Medicina Preventiva e Social e Administração em Saúde

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Na última quarta-feira, 28 de setembro, o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH) da Associação Paulista de Medicina deu início ao XXII Congresso Brasileiro de Qualidade em Serviços de Saúde e V Congresso de Medicina Preventiva e Social e Administração em Saúde. O evento on-line ocorre até esta quinta (29), dividido em uma série de palestras relacionadas ao tema principal, Gestão da qualidade na Saúde pós-pandemia.

Oficializando a abertura do Congresso, o presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral, relembrou que a discussão do assunto é fundamental diante do cenário em que o Planeta atualmente se encontra. “O tema é de suma importância para os desafios que já estamos enfrentando depois de dois longos anos de milhares de casos de Covid-19. É tempo de prover atenção de qualidade aos milhares de pacientes acometidos pela doença e aos que sofrem com as sequelas. Este cenário precisará ser gerido com a máxima qualidade possível, portanto, temos muito trabalho adiante.”

A moderação da mesa de abertura foi realizada por Maria Aparecida Novaes, coordenadora do Grupo de Benchmarking Pessoas do CQH, e Cristina Rossi, especialista em Saúde Pública e da Família e Gestão Pública em Saúde, que destacaram a importância de falar sobre o assunto central – ao passo que a discussão permite acompanhar as principais novidades e tendências inseridas neste contexto, possibilitando assim entender de que maneira a inovação vem colaborando com o setor da Saúde.

Aperfeiçoamento

O responsável pela primeira apresentação do dia foi José Luis de Lira, diretor Corporativo do Núcleo de Gestão de Pessoas do Hospital das Clínicas, um dos maiores complexos hospitalares da América Latina. De acordo com Lira, o cargo por ele ocupado o coloca à frente da gestão de, aproximadamente, 22 mil funcionários – alcançando quase 30 mil colaboradores ao reunir terceirizados e pessoas jurídicas -, sendo um grande desafio.

O especialista destacou que a pandemia trouxe notáveis mudanças ao falar de trabalho e formação remota, de modo que todos os planejamentos e o que era considerado improvável tiveram que ser repensados e tornado realidade. Além disso, demonstrou que apesar de todas as dificuldades, a pandemia contribuiu para o avanço da tecnologia – sendo que, há um tempo, o home office seria pensado em um molde completamente diferente do atual, levando um considerável tempo para chegar ao patamar alcançado recentemente.

“Temos que lidar com ambiguidades do mundo corporativo, pois há questões profissionais e sociais ligadas a isso. Se fala muito em pós-pandemia e novos tempos, e teremos que nos ajustar, pois vemos muitas mudanças e precisamos ser bastante criativos para superarmos este momento. Além disso, a resiliência e o espírito de liderança são habilidades que se destacam e exigem muito de todos nós”, explicou.

Como o trabalho remoto já é uma realidade desta nova fase da humanidade, é importante salientar alguns pontos essenciais que contribuem para torná-lo efetivo, por exemplo a empatia; lideranças facilitadoras, que estejam dispostas a se reinventar continuamente; sensibilidade, para lidar com diferentes situações; flexibilidade; e criatividade, de modo a superar medos e dificuldades.

O palestrante também demonstrou que a ideia de trabalho híbrido está sendo muito executada em diferentes companhias, dividindo os dias da semana em que os colaboradores precisam estar presentes no escritório e os que podem trabalhar a distância. Lira explicou que é importante o comparecimento ao local de trabalho, pois o convívio social é imprescindível – de modo que grandes corporações, como Apple, Microsoft e Google, já estão adaptadas a este modelo, entendendo o quanto ele tende a ser saudável e efetivo.

Todavia, nem todas as áreas de atuação profissionais estão aptas a lidar com o formato remoto de trabalho, como o setor de Saúde. Apesar de estarem preparados para lidar com teleconsultas e atendimentos virtuais, hospitais, clínicas e laboratórios precisam estar aptos para receber pacientes apresentando quadros mais graves a qualquer momento.

“Todos os órgãos de ensino precisaram se reinventar totalmente, por isso, o ensino a distância passou a pegar muito pela sua necessidade, conseguindo fornecer um portfólio de cursos com alcance muito maior. Isso demonstra que quando se fala em tecnologia, automaticamente se fala em facilidade, ganhar tempo, em ter alcance, é uma tomada de decisões adequadas, um ponto pacífico”, complementou.

Para mudar a mente de profissionais que possam estar resistentes ao novo modelo, é preciso promover a comunicação, fomentando que a transformação digital faz parte da humanidade e exaltando de que maneira esta mudança no mundo terá impacto direto na vida de todos. Conforme o especialista manifestou, os gestores de Recursos Humanos entendem que é um modelo que ainda precisa ser adaptado de acordo com a política de cada empresa, mas que vem dando muito retorno e resultados positivos, já que gera maior produtividade.

“Quando se fala em trabalho e formação remota, sinto que não há outro caminho além do híbrido. Mas, para obtermos êxito, é preciso ter um líder sensível para lidar com as aflições de sua equipe e entender o oculto de seus funcionários, aquilo que está submerso em cada um deles. Isso gera um resultado imenso quando há acertos e eu acho que esses são os resultados que vamos colher futuramente”, concluiu.

Novas tendências

Dando continuidade à apresentação de abertura do Congresso, falou Cristina Cruz, cofundadora do grupo ComunicaRH, de Lisboa, Portugal. Ela iniciou sua conferência indicando que a agenda do gestor de Recursos Humanos nunca foi tão complexa como atualmente, repleta de inovação, automação, saúde e diversidade, fazendo com que o setor precise estar constantemente atento às inovações do futuro.

As automações presentes no mercado de trabalho são uma maneira de gerar dados mais específicos, a fim de que as pessoas possam elaborar estratégias mais assertivas. Sendo assim, para contribuir na geração de dados, é necessário ter uma cultura em que os líderes estejam preparados para a realização de análises e entender como essas informações funcionam.

“Há uma tendência no uso de inteligências artificiais, que reúnem informações relevantes, soluções em tempo real e melhoram a experiência. Vale destacar que a realidade virtual já é muito utilizada em processos de recrutamento, permitindo uma economia de tempo e recurso”, demonstrou.

Além disso, a especialista salientou que essas ferramentas têm um papel fundamental de auxílio no trabalho dos Recursos Humanos. Para ela, as diversas modalidades de formação fazem com que a equipe de RH precise ser conhecedora de diferentes plataformas, como as redes sociais, por exemplo, para gerar uma modalidade dinâmica do que será o futuro, adaptando os modelos tecnológicos de acordo com o perfil de cada colaborador.

Para Cristina Cruz, a tecnologia é uma grande aliada do trabalho, sendo o teletrabalho uma constância, e que corporações que não atendem a este modelo estão propensas a se tornar menos atrativas no mercado de trabalho. Ademais, a especialista relembra que é importante tomar cuidado com o excesso de demandas e burnout, já que o trabalho remoto traz uma carga maior aos funcionários.

“Os trabalhos serão muito mais digitais, os horários mais flexíveis e a tendência da semana de quatro dias já é uma realidade. Para isso, é preciso foco. Precisamos tornar os escritórios mais adequados, com maior flexibilidade e o que também vem mudar com a questão do trabalho híbrido é a forma como remuneramos e geramos benefícios”, apontou.

Neste contexto, saúde e bem-estar do colaborador são temas que não podem ficar de fora da discussão, sendo uma prioridade. Além disso, muitas empresas têm trabalhado em projetos que visam promover a multiplicidade e inclusão, com equipes mais amplas, o que contribui para a inovação e criatividade, gerando inúmeros benefícios, como a capacidade de serem inovadoras e mais atrativas.

“Diante de tudo isso, vamos começar a trabalhar a comunicação interna olhando para a inclusão e tendo recrutadores preparados, aliás, a diversidade deve começar neles. Precisamos de recrutadores de vários perfis, pois já criarão um ambiente diferente, acrescentando diversos valores e contribuindo para o desenvolvimento de um comitê de diversidade que explore e proponha sugestões e melhorias, pois quanto mais diverso o ambiente, melhores os resultados”, finalizou.

Imagens: Reprodução do evento