Guido Palomba define a psicopatia em programa de investigação criminal

O que é um psicopata? Como identificá-lo? Qualquer pessoa pode ser vítima ou ser um? Para responder a essas e outras perguntas sobre o tema, o psiquiatra forense Guido Arturo Palomba, diretor Cultural da Associação Paulista de Medicina, foi entrevistado pelo Canal Operação Policial, do YouTube, no dia 13 de julho.

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O que é um psicopata? Como identificá-lo? Qualquer pessoa pode ser vítima ou ser um? Para responder a essas e outras perguntas sobre o tema, o psiquiatra forense Guido Arturo Palomba, diretor Cultural da Associação Paulista de Medicina, foi entrevistado pelo Canal Operação Policial, do YouTube, no dia 13 de julho.


De acordo com ele, o conceito ‘psicopata’ surge nos anos 1920 para explicar o padrão do portador de perturbação da saúde mental. “São palavras sinônimas sociopata, louco lúcido, louco moral e condutopata. Eu vou chamar de condutopata o interregno da descrição da patologia, deformidade e moléstia na conduta desses indivíduos, que não rompem com a realidade, ou seja, não são doentes mentais”, informa.

Afinal, qual a diferença entre condutopata/psicopata e doente mental? O psiquiatra explica que o doente mental é fácil de ser identificado em razão do comportamento esquisito e incompreensível psicologicamente, de delírio, alucinação, fora da realidade.

“O doente mental, por exemplo, escuta vozes, sente que está sendo perseguido. Já o condutopata não rompe com a realidade, nem tem problema mental. Ele pode até ser manipulador e inteligente. Também não existe essa glamourização do cinema e dos romances policiais que ele tem uma inteligência acima da média. Pelo contrário, na vida real, têm determinadas deficiências intelectuais e são pegos facilmente pela polícia”, compara.

Sentimentos de piedade, compaixão e altruísmo são inexistentes no indivíduo psicopata. “Claro que isso tem implicações, tornando-se uma pessoa absolutamente egoísta, só se interessa pelas coisas que se referem a ele mesmo. Em um possível questionamento se está arrependido pelo crime, a resposta clássica é sim, sempre estará arrependido, mas pelas consequências de ter sido preso, não pela vítima”, acrescenta Palomba.

Os erros cometidos, informa o especialista, são oriundos de certa prepotência de se virem melhores e acreditarem na própria capacidade perfeita de raciocínio. Ausência de valores éticos e morais, verdadeiros freios nos comportamentos sociais, são outras características importantes presentes no comportamento do psicopata. “Não existe remorso, culpa, arrependimento, porque está sempre certo, a culpa é sempre do outro. Possui sentimento de superioridade e são absolutamente egocentrados”, reafirma.

Por onde andam e o que fazem? “Muitos não são criminosos. Estão inseridos socialmente em todos os campos. Também estão na política pública, têm atração pelo poder. Criam estratégias e, quando chegam a cargos de chefia, tornam-se absolutamente nocivos e possuem extrema periculosidade, são centrados e se acham preparados, e quem sofre são os subordinados”, explica o psiquiatra forense.

Ele ainda reitera que nascem, se desenvolvem e morrem psicopatas. “Não é algo que foi adquirido na minha trajetória dada à vivência dolorosa do passado, isso não existe. As vivências dolorosas têm força para criar neuróticos e inconformados, mas não pessoas insensíveis, sem sentimentos. O condutopata tem deformidade orgânica, tecnicamente mensurável no cérebro, se desenvolve e morre assim, não existe um tratamento específico para esse desvio de conduta.”

Para os que cometem crimes, são irrecuperáveis para a sociedade, diz Guido Palomba: “Se volta à sociedade, não tardará a recomeçar a atividade criminosa, sempre continuará no mundo do crime, mesmo com uma possível mudança na prática”. Quanto à identificação de psicopatas, é necessário fazer um levantamento diagnóstico do histórico comportamental da pessoa, desde o nascimento às relações sociais no decorrer da vida. “Por isso, é muito difícil diagnosticar”, conclui.

Imagens: Reprodução Canal Operação Policial