Ministério da Saúde analisa acidentes causados por aranhas no Brasil

Boletim Epidemiológico especial - elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde - analisa o panorama dos acidentes causados por aranhas no território brasileiro durante o período de 2017 a 2021

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Boletim Epidemiológico especial – elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde – analisa o panorama dos acidentes causados por aranhas no território brasileiro durante o período de 2017 a 2021. A pasta tem o intuito de descrever o perfil epidemiológico destes acidentes e os fatores que estão associados ao óbito de pacientes expostos à picada dos artrópodes.

O envenenamento ocasionado pelas aranhas leva o nome de araneísmo, sendo importante salientar que, com exceção de duas classes de famílias, praticamente todas elas produzem e armazenam secreção de veneno em suas glândulas. Neste sentido, os aracnídeos que sinalizam alerta para a saúde pública pertencem a quatro diferentes gêneros, sendo que três deles se localizam no Brasil. São eles: Loxosceles (aranha-marrom), Phoneutria (aranha armadeira ou macaca) e Latrodectus (viúva-negra).

Os dados da análise foram obtidos através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Conforme as informações obtidas, dos 1.298.429 registros de acidentes ocasionados por animais peçonhentos durante os cinco anos de pesquisa, 168.420 (12,97%) foram causados por aranhas – o terceiro maior número de notificações.

Principais aspectos

Durante o período de estudo, identificou-se que 2019 foi o ano em que houve o maior número de notificações, totalizando 38.961. Além disso, a pesquisa também permite verificar que em 2020 e 2021, anos que representam o pico da pandemia de coronavírus e isolamento social, a redução no número de acidentes por aranhas foi notável – possivelmente estando relacionada à maior aderência de limpeza e higienização de ambientes como forma de combate à Covid-19.

Dos cinco anos observados, foi identificado que o acidente mais comum ocasionado por aranhas foi o loxoscélico. Em seguida, se encontram casos de foneutrismo e latrodécticos. A soma de acidentes causados por outras aranhas foi de 57.282 e os registros por aranhas ignoradas totalizam o número de 47.862.

De 2017 a 2021, o Sul foi a região responsável pelo maior número de notificações de acidentes por aranhas, com 53,54% do total – com o estado do Paraná liderando o número de casos, 45.024 deles, seguido de Santa Catarina, com 26.342 acidentes, e Rio Grande do Sul, consumando 18.811 pacientes.

Nas demais regiões, São Paulo e Minas Gerais foram os estados com os maiores números de registros de acidentes, sendo 26.264 e 22.832 casos, respectivamente. As notificações de acidentes foram maiores em homens, 53,59%, enquanto a porcentagem em vítimas do sexo feminino foi de 46,4%.

Em relação aos óbitos, 92 foram ocasionados pelos acidentes por aranhas, sendo que 53 deles não tiveram as datas registradas no Sinan – indicando possíveis erros de preenchimento. Dos óbitos notificados, 37 ocorreram pela picada da aranha-marrom, 11 por foneustrismo, um pela viúva-negra, 11 pela classificação de “outra aranha” e 32 por aranhas ignoradas nas classificações.

Além disso, as maiores documentações de óbitos foram entre pardos, totalizando 40,22% das vítimas. O risco de óbitos é aumentado em 3,16 para pretos e 2,37 para pardos – a dificuldade aos serviços de Saúde desta população é uma das maneiras de explicar o risco elevado.

Ainda, a faixa etária com maior número de registros de casos e óbitos está entre pessoas de 20 a 64 anos; e pessoas com mais de 65 anos possuem o risco de óbito 2,82 vezes maior que os demais. Não obstante, pacientes de 10 a 19 anos têm chance de óbito 71% menor se comparados com o restante.

Vale destacar que os meses mais quentes do ano, registrados no verão, são os que apontam o maior número de acidentes. Tal qual os escorpiões, também há uma grande dificuldade em controlar aranhas nos meios urbanos, de modo que o setor da Saúde é responsável pela adoção de medidas de orientação e prevenção de acidentes, possibilitando assim, a redução de casos e óbitos.