Ministério da Saúde divulga dados sobre mortalidade materna no Brasil

O mais recente Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde busca identificar de que maneira o cenário da pandemia de coronavírus afetou os índices de mortalidade materna no País

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O mais recente Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde busca identificar de que maneira o cenário da pandemia de coronavírus afetou os índices de mortalidade materna no País. Os dados fornecidos são referentes aos anos de 2009 a 2020 e investigam, além das mortes, características que englobam nascimentos e consultas de pré-natal durante o período em destaque.

Ao longo de 2020, houve uma notável redução da natalidade no Brasil, de modo que, ao todo, 2.730.145 nascimentos foram registrados – a tendência de queda foi observada em todas as regiões do País. Dos fetos nascidos vivos, 71% vieram de mulheres que realizaram sete ou mais consultas de pré-natal durante a gestação, e 78,5% nasceram de mulheres que iniciaram o pré-natal no 1º trimestre gestacional, indicando um pequeno aumento de 0,1% em relação aos dados obtidos em 2019.

Por outro lado, 7,8% dos nascidos vivos em 2020 descenderam de mulheres que realizaram no máximo três consultas de pré-natal durante toda a gestação. Este cenário aponta uma grande diferença regional e reflete divergências sociais e econômicas, visto que 18% dos casos ocorreram no Norte, contra 4% no Sul. 

Mortalidade materna e causas

Ao todo, foram notificados 1.965 casos de mortalidade materna no decorrer do ano de 2020. Através da aplicação do fator de correção pela Razão de Mortalidade Materna (RMM), a estimativa do número de óbitos passa para 2.039. Com isso, houve um aumento acentuado no número de mortes de acordo com a RMM, já que em 2019 a taxa era de 57,9 óbitos maternos a cada 100 mil nascidos vivos, número que passou para 74,7 em 2020.

Entre 2019 e 2020, todas as unidades federativas apresentaram aumento na RMM. Entretanto, no ano em que a pandemia de Covid-19 eclodiu no Brasil, os índices de mortalidade materna acima de 100 óbitos para cada 100.000 nascidos vivos foram identificados nos estados do Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão e Piauí – todos do Norte e Nordeste.

Os óbitos maternos resultados por causas obstétricas diretas totalizaram 1.041 em 2020, enquanto os óbitos por causas obstétricas indiretas foram 843, aumento importante em relação ao ano anterior (479), o que se caracteriza como uma questão de saúde pública que preocupa autoridades.

Dentre as causas obstétricas diretas registradas em 2020, tiveram destaque: hipertensão, com 317 óbitos, hemorragia (195), infecção puerperal (76) e aborto (57). Por sua vez, nas causas obstétricas indiretas, destaque para doenças infecciosas e parasitárias (476), do aparelho circulatório (111) e do aparelho respiratório (54).

No que diz respeito ao óbito materno associado à Covid-19, os maiores apontamentos ocorreram entre maio e agosto, período que ficou popularmente conhecido como “onda” de mortes maternas interligadas ao coronavírus, tendo o seu pico no mês de maio. O Sul foi a região que apresentou o menor percentual de óbitos maternos associados à Covid-19 em 2020, totalizando 10%.

Características dos óbitos

De acordo com as informações apresentadas pelo Boletim, dos óbitos maternos registrados no País durante o ano de 2020, 56% deles foram de mulheres com mais de 30 anos. Os dados também indicam que 53,7% das mortes maternas foram de mulheres pardas, 30% de brancas e 11,7% de pretas.

É possível notar que a taxa de mortalidade está diretamente ligada a razões sociais quando se observa que somente 13% das mulheres falecidas por causas maternas possuíam 12 anos ou mais de escolaridade.

É válido destacar que atualmente o Brasil segue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), implementando como sua principal meta atingir, no máximo, 30 mortes maternas para cada 100 mil nascidos até 2030. Sendo assim, o Ministério da Saúde acentua a importância da realização do pré-natal durante todos os estágios da gravidez, reduzindo as chances de risco para o feto e a gestante.