Ministério da Saúde divulga panorama da Malária no Brasil

A mais recente publicação do Boletim Epidemiológico elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente – vertente do Ministério da Saúde –, apresenta os diferentes panoramas da Malária no Brasil

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A mais recente publicação do Boletim Epidemiológico elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente – vertente do Ministério da Saúde –, apresenta os diferentes panoramas da Malária no Brasil em 2021, 2022 e durante o primeiro semestre de 2023.

Segundo o documento, dados da Organização Mundial da Saúde indicam que, em 2021, houve 247 milhões de casos registrados e 619 mil óbitos por conta da infecção em todo o mundo. No mesmo ano, na região das Américas, Brasil, Colômbia e Venezuela registraram, juntos, 80% dos casos autóctones no continente sul-americano.

De acordo com a análise da pasta, aproximadamente 99,9% dos casos de malária registrados no Brasil aconteceram na região amazônica, de modo que 33 municípios tiveram a concentração de mais de 80% do total de casos no País.

Em 2022, o Brasil notificou 131.224 casos de malária – representando uma redução de 6,6% em comparação ao ano de 2021, em que foram notificados 140.488 casos. Cerca de 2.256 das infecções foram importadas de outros países, a maior parte deles da América do Sul, como: Peru (678 casos), Guiana (529 casos), Venezuela (498 casos) e Bolívia (226 casos).

Sobre os casos autóctones, isto é, aqueles com provável local de transmissão no Brasil, em 2023, houve um aumento de 8,7% em comparação à mesma época de análise em 2022, registrando-se um total de 61.975 notificações. Durante os anos de 2003 até 2022, os casos de malária diminuíram 67,9%, indo de 400 mil para menos de 130 mil.

Indicadores

Em 2022, dos 808 municípios localizados na região amazônica, 159 deles (19,7%) deles apresentaram muito baixo risco para a transmissão de malária; 51 (6,3%) tiveram baixo risco; 40 deles (5,0%) apontaram médio risco; ao passo que 26 (3,2%) manifestaram alto risco. Os 532 municípios restantes (65,8%) não registraram transmissão autóctone de malária. Em contrapartida, na região extra-amazônica, dos 4.761 municípios, somente 66 deles (1,4%) registraram, ao menos, um caso autóctone.

Os casos autóctones de malária, em 2022, em sua maior parte, foram registrados em áreas rurais e indígenas, com 37,3% e 31% do total do ano, respectivamente. Contudo, é observada uma redução de 6,5% de transmissões nas zonas rurais e 14,2% em áreas indígenas quando comparados os casos com o ano de 2021.

Os estados diferem no perfil de distribuição de malária por área especial de infecção. Assim, em 2022, os estados localizados na região amazônica que apresentaram a maior parte de transmissão por malária em áreas rurais foram entre Maranhão (76,1%), Acre (70,4%), Rondônia (52,3%) e Pará (40,5%).

A área de garimpo foi a única região que apresentou aumento de casos autóctones em 2022, totalizando 22.859 – equivalente a 11,3% a mais que em 2021. Ao analisar o aumento de notificações nas regiões de garimpo por estado brasileiro e comparar o número de casos de 2022 em relação a 2021, é possível identificar que houve um aumento de 91,5% (12.349) em Roraima; 28% (1.555) no Amapá; e 6,4% (133) em Rondônia.

Do total de casos registrados por malária nas áreas de garimpo em 2022, o destaque vai para o estado do Amapá, com 55,9% dos casos autóctones com transmissão na região, acompanhado pelo Mato Grosso do Sul e Roraima. No Tocantins, não houve nenhum registro.

Ao levar em consideração o primeiro semestre de 2023, as áreas com maior parte de notificações por casos de malária foram as indígenas, com 40,2% (24.658). As áreas rurais totalizaram 31,4% (19.252) dos casos, ao passo que as áreas de garimpo consumam 17,9% (10.969). Áreas urbanas e de assentamento representam, respectivamente, 5,9% (3.640) e 4,5% (2.781) do total.

Ao comparar o primeiro semestre de 2023 com o mesmo período de 2022, o Boletim demonstra que houve um aumento de casos de malária nas áreas indígenas (34,8%) e nas de garimpo (11,2%). Já nas áreas urbanas, de assentamento e rurais, ocorreu uma redução de e 20,5%, 12,7% e 5,8%, respectivamente.

Internações e óbitos

Conforme os dados preliminares do documento, em 2022, foram registradas 2.114 internações por malária no território nacional, representando um aumento de 18,1% em relação a 2021, ano em que o total de internações foi de 1.790. Por sua vez, os óbitos ocasionados pela doença, apesar de uma tendência de queda, vêm apresentando um notável crescimento desde 2020, ano em que foram registrados 51 óbitos, 37,8% a mais que em 2019.

Durante 2021 e 2022, novamente foram registrados aumentos nas mortes ocasionadas por malária. Em 2022, ocorreu um aumento impactante de 180% de óbitos na região extra-amazônica, que subiu de cinco para 14 mortes. O aumento no número de óbitos fez, consequentemente, alavancar a letalidade da doença, já que na região extra-amazônica o valor foi de 2,65%, 72,2 vezes maior que a da região amazônica, que registrou 0,04%. Neste sentido, Roraima é o estado com maior destaque no alto número de óbitos ocasionados pela malária, que em 2021 teve 25 mortes e em 2022, 21.

Atualmente, o Brasil possui uma meta de alcançar 112.561 casos autóctones ou menos por ano. No entanto, em 2022 este objetivo não foi alcançado, já que, mesmo com a redução geral no número de casos, houve 128.968 notificações. Buscando erradicar a doença do País, em 2022, o Ministério da Saúde lançou o Plano Nacional de Eliminação da Malária, que apresenta quatro diferentes fases e busca eliminar a transmissão autóctone até 2035.