Organizadores detalham Jornada “A dor de ouvir a dor”, que ocorre em 21/5

Como antecipado, este ano será de muito trabalho no Comitê Científico de Dor da Associação Paulista de Medicina, que planeja uma série de atividades. O evento mais próximo é a Jornada “A dor de ouvir a dor”, que acontece no próximo 21 de maio, das 8h30 às 18h, na sede da APM e de forma híbrida.

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Como antecipado, este ano será de muito trabalho no Comitê Científico de Dor da Associação Paulista de Medicina, que planeja uma série de atividades. O evento mais próximo é a Jornada “A dor de ouvir a dor”, que acontece no próximo 21 de maio, das 8h30 às 18h, na sede da APM e de forma híbrida.

Segundo Telma Zakka, presidente do Comitê, ao longo dos últimos anos, o grupo tem procurado realizar eventos informativos e formativos que desafiam o conhecimento das pessoas que se interessam por eles. “Esta jornada será desafiante, reflexiva e humanística, visando mais o médico do que o próprio paciente. Neste evento, durante todo o dia, falaremos dos diversos aspectos do profissional enquanto a pessoa que ouve e participa da dor dos outros”, explica a especialista, que é doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP).

Outro diferencial deste evento é a abordagem da dor pela literatura, pela arte e pela música, enquanto agentes humanizadores do relacionamento entre os profissionais de saúde, os pacientes e o universo que os cercam. “Deste modo, procuramos trazer pessoas que transitam nesses dois universos – da Saúde e das Artes – para mostrar e discutir como ocorre esse imbricamento. Por exemplo: qual a relação entre música e nascimento? Por que deixar uma carreira de sucesso e ser médico? Ou, ainda, como as narrativas influenciam o entendimento entre profissionais da Saúde e pacientes?”, reflete o moderador e organizador do evento, Hélio Plapler.

O próprio especialista oferece um vislumbre das discussões que ocorrerão durante a Jornada quando relembra a presença marcante de médicos, pacientes ou mesmo doenças impressas nas artes visuais, na literatura e na música ao longo dos séculos. “Todos esses textos, escritos, pictóricos e sonoros, contribuem para o melhor entendimento do sofrimento causado pelas doenças nos participantes do processo.”

Por essa abordagem humanística, Plapler crê que os participantes terão uma visão nova dentro da Medicina, mais atenta aos textos, figuras e sons que passam despercebidos. “Os inscritos encontrarão na jornada, sobretudo, uma nova maneira de lidar com a dor gerada, de um lado, pelo sofrimento causado pela doença e, por outro, pela pressão da responsabilidade, do ambiente de trabalho e das próprias limitações do profissional.”

Quadro negro
Em consonância com o programa do evento, a identidade visual da Jornada “A dor de ouvir a dor” se vale da produção artística para passar sua mensagem. Isso porque a arte foi baseada na ilustração “Quadro negro”, de autoria do médico e artista plástico Wagner Kuroiwa. Graduado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal do Estado de São Paulo (EPM/Unifesp) e especialista em Saúde Pública e Direito Sanitário pela USP, o pintor e desenhista atua, neste campo, desde os anos 1980.

Especificamente em relação ao quadro, Kuroiwa relata que é uma ilustração que realizou a partir de um texto, também de sua autoria, que dizia “Existe a maledicência, existem palavras ferinas, plenas de amargor, que nos arrependemos de ouvir, pois machucam, agridem”. Nesse sentido, o artista qualifica o “Quadro negro” como um “O Grito” [quadro célebre do pintor norueguês Edvard Munch] às avessas.

“Meu trabalho, como um todo, procura levar emoção através de diferentes e múltiplas narrativas. Costumo dizer: em um quadro, muitos quadros. Como esperar que alguém se emocione com o que você fez, se o fez sem emoção?”, provoca. Por fim, Kuroiwa define como uma grande honra ter sua arte utilizada na Jornada da APM e comenta sobre o tema do evento. “A arte é energia em trânsito – toda sorte de energia – e a dor sempre esteve presente nas manifestações artísticas, desde seus primórdios. Seja na forma descritiva, intencional, seja na alma do autor”, finaliza.