Programa Agentes APM destaca a importância de ações para a saúde mental

Recentemente, a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/ Unifesp) registrou, em menos de seis meses, o segundo caso de suicídio de um jovem recém-formado pela instituição

Programa Agentes APM

Recentemente, a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/ Unifesp) registrou, em menos de seis meses, o segundo caso de suicídio de um jovem recém-formado pela instituição. O triste acontecimento, infelizmente cada vez mais comum em muitas faculdades de Medicina, reforça que a depressão é uma doença grave e silenciosa, o que preocupa autoridades em Saúde e a sociedade no geral.

Como forma de acender o alerta para políticas de cuidado e prevenção, o coordenador do Programa Agentes da Associação Paulista de Medicina, Expedito Barbosa, foi convidado para retornar à Comissão de Mentoria da EPM, ingressar no grupo de Posvenção da entidade e participar do GT de Saúde Mental dos estudantes de Medicina.

Dentre os sintomas mais apresentados entre os estudantes estão a baixa qualidade de sono, estresse, sonolência diurna excessiva, uso problemático de álcool, ansiedade, transtornos mentais comuns, depressão e burnout. Segundo Barbosa, ao ouvir os Agentes APM, 15 deles relataram que houve casos de suicídio em suas faculdades nos últimos 12 meses. No GT de Saúde Mental dos Estudantes, foi apresentado o dado que, em maio de 2023, 232 (49,15%) estudantes de Medicina apresentavam sintomas de depressão e ansiedade.

Mentoria

Em uma apresentação sobre o tema, ele destacou a importância da prática de mentoria no âmbito da Educação médica, relembrando que o Programa Agentes APM conta com uma série de mentorias aos seus participantes, o que contribui para uma percepção mais ampla sobre a Medicina no geral, além de promover a união entre os acadêmicos e profissionais.

“Na mitologia grega, Mentor era um amigo de confiança de Odisseu, que foi encarregado de cuidar de seu filho, Telêmaco, enquanto estava em guerra. Quando Odisseu partiu, instruiu Mentor a ser um guia para seu filho, o ajudando a crescer e se tornar um homem forte e sábio. O papel de Mentor como guia e conselheiro de Telêmaco tornou-se tão famoso que o termo ‘mentor’ passou a ser usado para descrever qualquer pessoa que orienta e aconselha outra com menos experiência ou conhecimento”, explicou.

De acordo com o coordenador do Agentes APM, a mentoria na Educação médica acontece quando alguém com mais experiência (um médico ou um professor, por exemplo) se interessa em fornecer ajuda aos mentorados (alunos do 1º ao 6º anos), por meio do compartilhamento de diferentes conhecimentos, contribuindo, assim, para que a pessoa que está sendo auxiliada possa desenvolver novas habilidades.

Os trabalhos de mentoria também podem servir como uma ferramenta de promoção à saúde mental, uma vez que avaliam nos estudantes a prevalência de problemas a ela associados. “Há vários artigos que argumentam que a mentoria pode ajudar a melhorar a saúde mental dos estudantes de Medicina. Os estudos dizem que ela pode fornecer um espaço seguro para discutir desafios e preocupações, bem como fornecer suporte emocional e orientação na carreira. Além disso, a mentoria pode ajudar a desenvolver habilidades de enfrentamento e resiliência, o que pode ser especialmente importante dado o estresse e a pressão associados à Educação médica.”

De acordo com Barbosa, os alunos demonstram que a mentoria é uma maneira necessária de humanizar o curso, além de relatarem que a prática se consolida como uma forma de contribuir para o bem-estar físico, social e mental, que ajuda na vivência saudável em grupo.

Além disso, é uma experiência que traz frutos positivos para os dois lados que participam da dinâmica. “A mentoria é uma prática importante na Educação médica, pois permite que estudantes e residentes trabalhem com profissionais experientes para aprimorar suas habilidades clínicas e obter orientação na carreira. Ela também é valiosa para os médicos com anos de atuação, pois lhes permite compartilhar seus conhecimentos com a próxima geração.”

Desafios

No entanto, a mentoria enfrenta alguns desafios. Entre eles o interesse dos alunos para participar desses programas, a maneira de estabelecer os critérios para a escolha dos mentores e como garantir um treinamento de qualidade para eles – que seja focado, também, na saúde mental dos profissionais.

Atualmente, tanto a Escola Paulista de Medicina quanto a APM oferecem programas de mentoria focados na qualidade da formação e na humanização profissional. O Agentes APM conta com 194 estudantes de 42 escolas médicas do estado de São Paulo.

“Iniciei meu trabalho na Associação Paulista de Medicina no final do 5º ano. Meu objetivo na APM é aumentar a presença do estudante dentro da instituição. Com tudo que aprendi na EPM e com meus professores, criei o Programa Agentes APM, buscando formar estudantes de alta performance, jovens lideranças em suas respectivas comunidades acadêmicas”, finaliza o coordenador.