Alergia a picadas de mosquito: Como se proteger e aliviar os sintomas?

Entre aquelas pessoas que têm maior sensibilidade à ação dos mosquitos, é possível que reações alérgicas apareçam

O que diz a mídia

Com a chegada do verão, as picadas de mosquitos se tornam mais frequentes. Isso porque as temperaturas altas, o clima úmido e o uso de roupas que deixam regiões do corpo mais expostas favorecem a proliferação e a ação desses insetos. Por isso, os cuidados são ainda mais importantes nessa época do ano.

Em geral, as picadas costumam resultar em sintomas simples, como coceira, vermelhidão e pequenos inchaços, que podem ser tratados em casa e com recuperação rápida. Compressas com água gelada ou com chá de camomila costumam ajudar, uma vez que temperaturas mais baixas em contato com a pele podem reduzir a coceira e ajudar a reduzir a inflamação – em especial a camomila, que tem ação anti-inflamatória.

Porém, entre aquelas pessoas que têm maior sensibilidade à ação dos mosquitos, é possível que reações alérgicas apareçam. Nesses casos, os sintomas são mais intensos e a reação pode se espalhar. “Parece que são várias picadas, mas é apenas uma que se espalhou pelo corpo”, descreve Renata Barreto, dermatologista e gerente médica do Hapvida NotreDame Intermédica.

Alergia a picada em crianças
O cuidado deve ser ainda maior com as crianças, que apresentam mais chances de desenvolver alergias, conforme alerta Jandrei Rogério Markus, presidente do Departamento Científico de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Segundo ele, por causa da imaturidade do sistema imune dos pequenos, a resposta à picada é desproporcional. “A saliva do mosquito é interpretada como algo estranho pelo organismo da criança e faz com que o sistema imune tenha reação exagerada”, diz.

Essa tendência maior à alergia, conforme ele explica, costuma durar até os oito anos e diminui conforme a criança cresce. “O organismo percebe que isso vai ser frequente ao longo da vida, que a criança vai entrar em contato com as picadas em outros momentos. Por isso, ele vai se adaptando e reduzindo essa resposta imune exagerada.”

Por causa da gravidade, é importante investir no uso de repelentes, telas e mosquiteiros – principalmente no caso de pessoas que já sabem que são alérgicas. “Se tiver reação muito exuberante, procure um dermatologista ou alergologista que vai saber manejar todas as reações com os medicamentos apropriados”, diz. Mas, para evitar maiores complicações, a prevenção é fundamental.

Como escolher o melhor repelente?
A função do repelente é atrapalhar a capacidade dos mosquitos de encontrar o corpo humano. “Eles atuam nos receptores das antenas desses insetos e impedem que eles reconheçam o cheiro exalado pelo ser humano”, explica Renata. E há diversas opções no mercado, em versões em creme, gel ou spray.

De forma geral, não costuma haver grandes diferenças quanto à função de proteção. Seja qual for a versão escolhida, ela vai exercer seu papel de repelir os mosquitos. Por isso, a recomendação da dermatologista é investir naqueles que mais se adaptam a sua realidade. Repelentes em spray, por exemplo, podem ser boa opção para crianças, uma vez que sua aplicação costuma ser mais prática.

Algumas pessoas optam por repelentes naturais. É possível encontrar versões feitas com plantas, flores, ervas e especiarias, que prometem repelir insetos sem poluir o ambiente e trazer prejuízos à saúde. A citronela é bastante usada e há no mercado versões em óleo, que podem ser aplicadas direto na pele.

Lavanda, cravo-da-índia e eucalipto também são versões que podem ser encontradas em lojas de produtos naturais. “Mas os inseticidas naturais não têm ação tão prolongada”, pondera a médica, que recomenda reaplicar o produto com uma frequência maior para garantir a proteção.

Repelentes elétricos também podem ser utilizados, mas é importante ficar atento à forma de utilização. A indicação é que eles sejam ligados próximos a janelas e portas para criar uma espécie de nuvem de proteção, que impede que os mosquitos entrem no ambiente. Ao ligar em tomadas posicionadas distantes desses locais, a proteção pode não ser tão efetiva.

É importante não deixar de lado a proteção solar, que deve ser feita antes da aplicação do repelente. Alguns produtos, inclusive, possuem Fator de Proteção Solar (FPS) em sua formulação, mas não são opções recomendadas pela dermatologista. “Isso atrapalha a reaplicação”, diz. “O filtro solar exige reaplicação de hora em hora e com os repelentes não é possível fazer isso, por que não devem ser aplicados mais de três vezes ao dia.”

Qual o melhor repelente para as crianças?
A escolha do repelente ideal para os pequenos apresenta alguns detalhes. O mais importante deles é se atentar aos princípios ativos de cada produto. São três aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): o DEET, IR3535 e Icaridina.

Antes dos 6 meses, a recomendação é não usar repelente e investir nas barreiras físicas, como roupas e mosquiteiro. Entre 6 meses e 2 anos, são indicados repelentes que possuem o composto químico IR3535, mas em concentração de até 20%. Entre 2 e 12 anos, podem ser usados repelentes com DEET – desde que sua concentração não seja superior a 10%. A partir dos 12 anos, já é possível utilizar repelentes para adultos.

É por isso que respeitar a faixa etária indicada no rótulo do produto é tão importante. Dessa forma, é possível evitar riscos aos pequenos. Os rótulos também costumam indicar a quantidade máxima de aplicação, que varia entre 1 e 3 vezes ao dia.

Como evitar doenças?
Além de coceira, vermelhidão e pequenos inchaços, a picada desses insetos pode transmitir doenças, como febre amarela, zika, chikungunya e dengue, que bateu recorde de óbitos em 2022. Nos casos dos mosquitos transmissores de doenças, como o Aedes aegypt, outros cuidados podem ser necessários. Veja algumas recomendações.

Evitar acúmulo de água parada. Locais como calhas, vasos de plantas e caixa d’água são perfeitos para procriação desses insetos. Evitar água parada nesses ambientes é uma importante forma de combater a transmissão, principalmente no verão, quando as chuvas são mais frequentes e intensas.

Piscina. Mantenha a água da piscina sempre tratada com cloro e realize limpezas semanais. Se não for usá-la, evite cobrir com lonas ou plásticos, que também podem levar ao acúmulo de água.

Não acumule. Itens como garrafas, pneus e outros utensílios que possam acumular água (tampinha de garrafa, casca de ovo, latinha, saquinho plástico de cigarro, embalagem plástica e de vidro, copo descartável etc.) não devem ser acumulados. Garrafas vazias devem ser armazenadas de cabeça para baixo e pneus velhos podem ser entregues ao serviço de limpeza urbana.

Bebedouro. Lave e troque a água dos bebedouros de aves e animais no mínimo uma vez por semana. Manter água nesses recipientes por muito tempo pode facilitar a reprodução dos mosquitos.

Plantas. Algumas espécies de plantas podem acumular água. Nesses casos, além de tirar a água acumulada nas folhas, é importante tratá-las com água sanitária na proporção de uma colher de sopa para um litro de água, regando no mínimo, duas vezes por semana.

Fonte: Estadão/Guilherme Santiago