Cientistas criam droga com efeito similar a bariátrica

Cientistas americanos descobriram um remédio que ajuda a obter os mesmos benefícios da cirurgia bariátrica

O que diz a mídia

Cientistas americanos descobriram um remédio que ajuda a obter os mesmos benefícios da cirurgia bariátrica sem passar pela faca. Além de reduzir drasticamente o peso, a glicose no sangue e o risco de diabetes, o remédio ainda mostrou não ter efeitos colaterais, como náusea e vômitos, comuns nos medicamentos atuais.

“Obesidade e diabetes eram a pandemia antes da pandemia de Covid-19”, escreveu Robert Doyle, professor da Universidade de Syracuse e Christian Roth, do Instituto de pesquisa das crianças, em Seattle, principais autores do estudo.

A cirurgia bariátrica resulta em perda de peso duradoura e até remissão do diabetes, porém, esses procedimentos têm riscos, não são adequados para todos e não são acessíveis para muitas pessoas. A abordagem tem seus benefícios ligados a uma alteração pós-cirurgia nos níveis de secreção intestinal de certos hormônios — incluindo peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) e peptídeo YY (PYY) — que sinalizam plenitude, reduzem o apetite e normalizam o açúcar no sangue.

As drogas atuais que visam replicar esse efeito ativam principalmente os receptores celulares para GLP-1 no pâncreas e no cérebro. Essa abordagem mostrou grande sucesso na redução de peso e no tratamento do diabetes tipo 2, atraindo muitas postagens de celebridades nas mídias sociais nos últimos meses. Mas muitos não toleram os efeitos colaterais das drogas, como náusea e vômitos.

A NOVIDADE

Para resolver essa desvantagem, o grupo de Doyle criou um peptídeo que ativa dois receptores para PYY, além do receptor para GLP-1. Apelidado de GEP44, esse composto fez com que ratos obesos comessem até 80% menos que o usual. Ao fim de um estudo de 16 dias, eles perderam uma média de 12% de seu peso. Isso foi mais de três vezes a quantidade perdida por ratos tratados com liraglutida, droga injetável que ativa apenas o receptor GLP-1 e que é aprovada pela agência reguladora americana (FDA) para o tratamento da obesidade.

Em contraste com a liraglutida, testes com GEP44 em ratos e musaranhos (um mamífero que, ao contrário dos ratos, é capaz de vomitar) não revelaram sinais de náusea ou vômito.

Os cientistas ainda afirmaram que a perda de peso causada pelo GEP44 pode ser atribuída não apenas à diminuição da alimentação, mas também ao maior gasto de energia, que pode assumir a forma de aumento de movimento, frequência cardíaca ou temperatura corporal.

Segundo os pesquisadores, o remédio ainda tem uma vida mais longa, podendo ser injetado no corpo do paciente apenas duas vezes na semana. Outro benefício da nova droga é que, segundo o relato de Doyle, os ratos tratados com o composto mantiveram seus físicos novos e mais magros mesmo após o término do tratamento.

Os pesquisadores solicitaram as patentes de seus compostos e agora planejam testar seus peptídeos em cobaias primatas.

Fonte: O Globo.