OMS prevê alta de doenças virais com avanço do fenômeno El Niño

Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê um aumento da disseminação de doenças virais, como dengue, zika e febre chikungunya, com o fenômeno climático El Niño, que começou a se manifestar nas últimas semanas e deve influenciar o clima em várias partes do mundo ao longo deste ano

O que diz a mídia

Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê um aumento da disseminação de doenças virais, como dengue, zika e febre chikungunya, com o fenômeno climático El Niño, que começou a se manifestar nas últimas semanas e deve influenciar o clima em várias partes do mundo ao longo deste ano.
“A OMS está se preparando para a muito alta probabilidade de que 2023 e 2024 sejam marcados pelo evento El Niño, que pode aumentar a transmissão de dengue e outras chamadas arboviroses, como zika e chikungunya”, disse nesta quarta-feira o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.
Ele também afirmou que as mudanças climáticas estão favorecendo a reprodução de mosquitos – a incidência de dengue, transmitida pelo Aedes aegypti, já aumentou nas últimas décadas, especialmente nas Américas. Há um surto recente no Peru, em meio ao qual a ministra da Saúde, Rosa Gutiérrez, renunciou, e em várias regiões do país foi declarado estado de emergência.
O El Niño se caracteriza pelo aumento anormal da temperatura da superfície do Oceano Pacífico na região próxima do Equador. O La Niña é outro fenômeno climático, exatamente oposto: caracteriza-se pelo resfriamento anormal da temperatura desse mesmo oceano, também na região equatorial. O La Niña se instalou em 2020 e durou três anos, com um breve período de neutralidade em 2021. Terminou em fevereiro passado.
REGISTRO. Em abril deste ano, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertou para a formação do El Niño, o que foi confirmado recentemente pelas medições da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).
Ontem, a agência espacial americana (Nasa) divulgou imagens do fenômeno, conforme análise de registros dos satélites Sentinel-6 Michael Freilich e Sentinel-3B pelo Laboratório de Propulsão a Jato.
Durante a vigência desse fenômeno, as águas do oceano Pacífico ficam pelo menos 0,5°C mais quentes do que a média, o que afeta as condições climáticas em várias regiões.
Nas partes em vermelho das imagens, já se observam áreas do globo terrestre que registram o aumento anormal, enquanto as brancas marcam as áreas normais. As análises foram feitas entre os dias 1 e 10 deste mês.
DURAÇÃO E EFEITOS. Não é possível prever quanto tempo vai perdurar essa situação, mas modelos matemáticos usados por centros de pesquisa climática indicam uma probabilidade acima de 90% de permanência do El Niño durante todo o inverno, com chance de se prolongar até a primavera. O modelo do APEC Climate Center, centro de pesquisa com sede na Coreia do Sul, indica que o fenômeno terá intensidade de moderada a forte. É provável que produza climas extremos até o fim deste ano, de ciclones tropicais dirigindo-se às ilhas do Pacífico a fortes chuvas na América do Sul ou secas na Austrália e em parte da Ásia.
Nessa previsão entra também a perspectiva de um inverno menos rigoroso no Brasil, ao contrário do que muitos imaginavam, considerando o frio de fim de outono. “Por incrível que pareça, apesar do frio que a gente sentiu nos últimos dias, o inverno deste ano não será rigoroso na maior parte do Brasil”, afirmou Maria Clara Sassaki, da Climatempo, em entrevista à Rádio Eldorado na terça. “Se comparar a temperatura média durante todos os meses de inverno de 2023, teremos, no fim da estação, uma temperatura média acima do normal em todas as regiões do País. A única exceção será o Rio Grande do Sul, que deve registrar temperatura um pouco abaixo do normal”, disse a meteorologista.
As frentes frias que sobem pelo Brasil, explica Maria Clara, vão estacionar sobre os Estados do Sul e não devem ultrapassar os limites do Paraná para alcançar as regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
“Vai ter geadas no Sul, mas as ondas de frio não têm força para chegar ao Sudeste”, comentou.
“Teremos ondas de frio, sim, mas elas serão de curta duração. Não teremos dias prolongados de temperaturas extremamente baixas, como abaixo de 10 graus.” Isso se refletirá no regime de chuvas. O inverno, que se caracteriza por ser mais seco, deverá ser mais úmido, e acima da média em Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
“Em maio do ano passado, tivemos o dia mais gelado em várias cidades do centro-sul do Brasil. As ondas de frio são antecipadas em anos de La Niña e agora, quando temos o fenômeno do El Niño atuando, temos ondas de frio chegando mais tarde, com menor intensidade e com menor duração”, afirmou ela.

Fonte: O Estado de S.Paulo