“Ao longo dos anos, a febre maculosa vem sendo detectada em estados considerados silenciosos para a doença. A partir de 2001, foram confirmados casos nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais”, disse boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, divulgado este mês, sobre os 20 anos de notificação compulsória da febre maculosa.
A infecção é transmitida pelo carrapato-estrela ou micuim da espécie Amblyomma cajennense infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii, produzindo uma vasculite sistêmica em pequenos vasos, desde leve a grave. Geralmente ocorrido em zonas rurais ou periurbanas, para haver infecção, o carrapato infectado precisa ficar pelo menos quatro horas fixado na pele das pessoas.
De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, “há duas principais FM de relevância para saúde pública: febre maculosa brasileira (FMB) e febre maculosa por Rickettsia parkeri”.
A FMB, mais prevalente na Região Sudeste, também conhecida como a febre do carrapato, é multissistêmica com alta frequência de manifestações hemorrágicas e, consequentemente, altas taxas de letalidade, podendo chegar até 55%. O ciclo da transmissão é causado pela espécie Amblyomma aureolatum.
Entre 2007 e 2021, de acordo com o levantamento, foram notificados 36.497 casos no Brasil, dos quais 7% (2.545 notificações) foram confirmados e 32,8% destes (834 notificações) evoluíram para o óbito.
“Observou-se uma média de 2.433 casos suspeitos notificados por ano, sendo que em 2009, tiveram 1.265 ocorrências e em 2019, 4.880, anos de menor e maior número de notificações, respectivamente. A média de casos confirmados por ano foi de 170”, destaca o boletim.
O número de casos confirmados variou entre 94 em 2008 e 284 em 2019. A variação de óbitos por ano foi entre 20 e 94 por ano, com letalidade média de 32,8%, considerando a série histórica. “O ano com maior letalidade foi 2015, com 42% – 77/183 casos”, acrescenta o informativo.
Nas Regiões Sul e Sudeste, a infecção acomete mais de 80% (2.194/2.545) dos casos. Nota-se que, na Região Sudeste, também se concentra o maior quantitativo de óbitos, com 739 notificações. Na Região Sul, na qual Santa Catarina detém o maior número de notificações, com 509 casos, porém sem registro de mortes.
Com relação ao sexo, homens foram os mais infectados pela febre maculosa, representando 70,7% (1.780/2.545) de todos os casos confirmados. “A faixa etária com maior proporção de casos foi a de 35 a 49 anos (25% – 638/2.545), seguida pela de 50 a 64 anos (23% – 583/2.545). A preponderância de casos na faixa de 20 a 64 anos foi observada em ambos os sexos”, disse o boletim.