Fundado em 2014 por três oncologistas – Antonio Buzaid, Fernando Maluf e Drauzio Varella – o Instituto Vencer o Câncer é, hoje, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Ele busca disseminar informações relacionadas a fatores de risco para doenças oncológicas, além de atuar na prevenção, diagnóstico, tratamento do câncer e na defesa de direitos e na construção de políticas públicas eficazes para pacientes oncológicos.
Atualmente, Buzaid e Maluf lideram o Instituto. Por meio dos canais oficiais da organização, eles destacam que o foco está em três grandes estratégias: educar para entender, promovendo informações e melhorando o conhecimento para os pacientes oncológicos; auxiliar nas políticas públicas, criando alternativas para melhorar a equidade no diagnóstico, cuidado e prevenção; e proliferar centros de pesquisa contra o câncer em todo o Brasil.
À Revista da APM, Fernando Maluf relatou que a inspiração de fundar o Instituto Vencer o Câncer veio baseada na necessidade de os médicos poderem devolver para a sociedade projetos que ajudassem a melhorar a qualidade no diagnóstico e no tratamento do câncer no País. Para ele, a forma mais adequada de garantir esta melhoria são informações seguras.
“O Instituto montou uma grade magnífica de livros, textos e vídeos, com um corpo clínico extremamente capacitado. Aliado a isso, um outro braço que envolve políticas públicas no intuito de melhorar e auxiliar em uma maior equidade do cuidado da população, independente da sua classe socioeconômica, etnia ou religião. Também trabalhamos nas questões que envolvam um maior desenvolvimento científico para o País, com o paciente no centro sendo o maior beneficiado, por meio do fomento à pesquisa”, explicou Maluf.
Iniciativas
Segundo a diretora Institucional, Ana Maria Drummond, todo o conteúdo produzido e divulgado nos canais da organização passa por profissionais capacitados. “Nosso portal e nossas redes sociais são referências, contando com a curadoria especializada de um comitê científico, apoiando pelos fundadores da instituição. Além disso, realizamos diversas campanhas de conscientização sobre os tipos de tumores mais incidentes, utilizando as mídias sociais com foco principal na educação e prevenção do câncer, e apoio durante toda a jornada contra a doença”, enfatizou.
O comitê científico citado é composto por cerca de 60 profissionais voluntários da área da Saúde, incluindo médicos de diversas especialidades, nutricionistas, fisioterapeutas, dentistas e outros. Na página do Instituto Vencer o Câncer, há uma seção dedicada a informar e orientar sobre os tipos de tumores existentes, sendo que todos os conteúdos passam pela supervisão do comitê.
Em resposta à disseminação de informações incorretas sobre tratamentos e prevenção de doenças oncológicas, o Instituto Vencer o Câncer lançou a campanha “#CÂNCERTRUENEWS – Contra o câncer, não dê espaço para a desinformação”, que defende a busca por conteúdo de qualidade.
“Sabemos que notícias falsas podem prejudicar a prevenção correta, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Por isso, defendemos que as pessoas busquem conteúdo de qualidade em veículos e canais de credibilidade. O projeto inicial de concepção de uma rede de centros de pesquisa dentro de hospitais do SUS e filantrópicos também foi um marco”, ressaltou Ana Maria.
A mobilização começou em 1º de abril, coincidindo com o Dia da Mentira, para confrontar estrategicamente a propagação de informações e notícias falsas que circulam incessantemente nas redes ao longo do ano, representando uma ameaça aos pacientes. De acordo com o Journal of the National Cancer Institute, 89% dos pacientes com câncer ou que suspeitam ter câncer acessam a internet para procurar mais informações sobre a doença. O estudo mostrou, ainda, que 33% das publicações mais populares sobre tratamento de câncer nas redes sociais apresentam dados incorretos.
Outro objetivo, segundo a diretora Institucional, é o avanço da pesquisa de ponta em Oncologia. A Rede Vencer o Câncer de Pesquisa Clínica, criada pelo Instituto, busca promover o aumento da capilaridade dos Centros de estudos nos hospitais do SUS e filantrópicos. Até o momento, seis centros foram capacitados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e a meta é alcançar 20 centros até o final de 2024.
Um aspecto citado por ela foi a promoção de debates de políticas públicas e mudanças estruturais efetivas para o enfrentamento do câncer no País. “Nesse sentido, temos um projeto muito relevante, desenvolvido em parceria com o Grupo Mulheres do Brasil. O objetivo do ‘Unidos pela Vacina HPV e Prevenção do Câncer’ é promover informações de forma clara e segura sobre prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de colo de útero. Com uma atuação conjunta na prevenção primária, queremos contribuir para aumentar a cobertura vacinal contra o HPV”, pontuou a especialista.
As primeiras oficinas do projeto “Unidos pela Vacina HPV e Prevenção do Câncer” ocorreram nos dias 21 e 23 de fevereiro, em Recife (PE). A cidade foi escolhida estrategicamente devido às atividades do Programa Útero é Vida, do Ministério da Saúde, que atua no estado com a finalidade de aprimorar a linha de cuidado do câncer de colo de útero, além da expansão da vacinação contra o HIV e a estruturação para o rastreamento organizado das mulheres com o desenvolvimento de um teste nacional para detecção.
Perspectivas futuras
Ana Maria Drummond acredita que o futuro apresenta muitos desafios, especialmente em relação às melhores estratégias de prevenção, acesso ao diagnóstico precoce e à estruturação de acolhimento e tratamento. No entanto, o objetivo é garantir que todos tenham acesso ao melhor tratamento e, quando possível, à cura.
Segundo sua visão, é necessário melhorar a gestão do sistema. Sem uma mudança neste aspecto, a sociedade continuará sendo afetada pela falta de acesso a esses serviços. Isso é especialmente importante considerando que a complexidade da doença avançada requer investimentos cada vez mais significativos.
A integração tecnológica no tratamento dos pacientes foi outro ponto mencionado por ela. “Temos discutido o papel da tecnologia na integração da jornada do paciente. Reconhecemos que o Brasil possui uma diversidade de sistemas públicos de informação dentro do ecossistema de Saúde. Precisamos fortalecer a integração das informações para que o paciente se sinta mais apoiado e para que os gestores e todos nós possamos tomar melhores decisões na alocação de esforços e recursos”, explicou.
Ana Maria acredita que, para garantir a sobrevivência e o crescimento da organização, é fundamental estabelecer uma plataforma institucional de doações e estratégias de captação. “Em nosso site, temos um espaço especial para receber doações de pessoas que acreditam na causa e entendem a urgência do combate à epidemia de câncer”, concluiu.
Matéria publicada na edição 743 (Março/ Abril de 2024) da Revista da APM