Doenças infecciosas seguem sendo motivo de atenção

Artigo descreve de que forma estas enfermidades ainda são alerta para a Saúde

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Em recente publicação no jornal Hora Campinas, o hematologista e professor titular da Unicamp Carmino de Souza descreve que, atualmente, doenças não transmissíveis estão ganhando cada vez mais proporção e relevância, o que se configura como uma preocupação para sistemas de saúde espalhados ao redor de todo o mundo.

No entanto, para o médico, achar que doenças crônicas estão substituindo o lugar de doenças infecciosas, na realidade, representa uma visão muito simplista do contexto ao qual estão inseridas. Isso acontece porque ambas as categorias de doenças estão se combinando de novas maneiras, se desenvolvendo e, assim, constituindo novas ameaças para a Saúde.

“A intersecção de diabetes e tuberculose é um exemplo proeminente de associação entre estes dois grupos. Pessoas com diabetes têm um risco de infecção por tuberculose de duas a três vezes maior do que entre pessoas sem diabetes. Pior ainda, pessoas com diabetes têm um risco maior de morrer durante o tratamento da TB ou de enfrentar a pior evolução, em grande parte devido ao fato de que pessoas com diabetes têm maior dificuldade em tolerar medicamentos para TB”, explica.

Ele também ressalta que condições insalubres de higiene e situações de vulnerabilidade social podem estar diretamente interligadas às causas de doenças transmissíveis e não transmissíveis. “O tratamento de doenças transmissíveis pode aumentar o risco de DNT, e as DNTs e seus fatores de risco podem contribuir para o risco de desenvolver certas doenças infecciosas. Em alguns casos, fica claro que as doenças funcionam juntas para criar problemas de saúde maiores, como morbidade e mortalidade materna e infantil.”

O especialista reforça a necessidade de treinar os profissionais de Saúde. “A interação constante entre doenças infecciosas e não transmissíveis precisa ser reconhecida e uma maior integração e compartilhamento de recursos nos sistemas de saúde devem ser buscados.”

No artigo, o médico também pontua que, mesmo diante do avanço de doenças crônicas, é indispensável controlar doenças infecciosas. “O futuro da programação de saúde, particularmente em países em desenvolvimento, não é necessariamente melhor guiado pela transição epidemiológica, mas mais precisamente por um modelo que reconhece as principais contribuições de doenças transmissíveis e não transmissíveis para piores resultados de saúde pública.”