Brasília, 8 de julho – O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou o compromisso da instituição com a meta de inflação e defendeu uma série de medidas para tornar o crédito mais acessível e eficiente no Brasil. Entre as propostas, estão o corte de subsídios cruzados, a melhoria na colateralização das operações de crédito e o aprimoramento do modelo de financiamento imobiliário baseado na poupança, a declaração foi realizada durante a reunião-almoço promovida pela Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE) com o apoio do Instituto Unidos Brasil (IUB), nesta terça.
Galípolo afirmou que o Banco Central está perseguindo a meta de 3% de inflação e não considera o teto de 4,5% como objetivo. “Eu durmo tranquilo sabendo que estou perseguindo a meta”, declarou, ao comentar críticas sobre possíveis flexibilizações na condução da política monetária. O presidente da autarquia ainda classificou como “falaciosa” a ideia de que a atuação do Copom poderia ser influenciada por nomeações políticas. “Isso sugeriria uma flacidez institucional que não condiz com a robustez do BC”, afirmou.
Um dos principais pontos destacados por Galípolo foi a necessidade de “desentupir os canais de transmissão” da política monetária. Segundo ele, manter um regime disfuncional obriga o país a operar com juros reais mais elevados do que o necessário. “É preciso normalizar o funcionamento desses canais. Caso contrário, mesmo em uma economia aquecida, os juros permanecerão altos para cumprir o mesmo papel de controle da inflação”, explicou.
Nesse contexto, o presidente do BC criticou os chamados “subsídios cruzados”, práticas que, segundo ele, distorcem os preços e prejudicam os consumidores. Um exemplo citado foi o crédito rotativo do cartão, onde taxas elevadas compensariam perdas de outras linhas menos rentáveis. “Não faz sentido manter esse tipo de estrutura. A remoção desses subsídios permite reduzir o custo para quem realmente precisa de crédito”, afirmou.
Para ampliar o acesso ao crédito, Galípolo defendeu também maior uso de garantias e ativos colateralizáveis. O objetivo é permitir a expansão de linhas mais seguras e com menor risco, o que se traduz em juros mais baixos. “Precisamos facilitar o acesso das pessoas a linhas de crédito adequadas às suas realidades”, disse.
Ainda na área de crédito, o presidente do Banco Central revelou que a instituição estuda um novo modelo de financiamento imobiliário baseado na poupança, com o objetivo de reduzir a dependência do FGTS e da Taxa Referencial (TR). A ideia é aproximar o Brasil de padrões internacionais, nos quais o crédito imobiliário responde por uma fatia mais relevante do PIB.
Fonte: Instituto Unidos Brasil