Em edição recente de Boletim Epidemiológico, o Ministério da Saúde divulgou dados sobre o cenário em que o Brasil se encontra em relação à Saúde de populações expostas a agrotóxicos, entre 2020 e 2022. Segundo o documento, a exposição humana ao agrotóxico surge como um importante problema de saúde pública, sobre o qual o setor da Saúde tem ampliado constantemente sua atuação.
Na pesquisa, 273 municípios foram selecionados para implantação da VSPEA (Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos). Na análise do plano geral de municípios com a vigilância, destacam-se as unidades federativas do Paraná, com 85,7%; Espírito Santo, com 72,7%; e Pará, com 45,1% de implementação.
Em contrapartida, 14 regiões não têm percentual de municípios proprietários com VSPEA, como Roraima, Mato Grosso, São Paulo e Rio de Janeiro.
Panorama brasileiro e taxa de incidência
De acordo com os dados, o Paraná encontra-se como o estado com a maior quantidade de intoxicação para os trabalhadores informais, seguido por Paraíba, Espírito Santo e Mato Grosso. Em situações de trabalhos formais, o panorama se modifica, e Paraíba, Pernambuco e Paraná passam a ocupar as três primeiras posições em casos de envenenamentos.
O total de notificações de intoxicação exógena por agrotóxicos a partir de 2021 é de 435 casos. Destes, 115 ocorreram na Bahia, correspondente a 57,5% em percentual de acontecimentos. Como a segunda unidade federativa com a maior quantidade de ocorrências, Paraná notificou 51 casos.
Já ao analisar o coeficiente de incidência por 1.000 mil/habitantes de intoxicação exógena por agrotóxico de acordo com UF, o Espírito Santo sai à frente, com cerca de 304 casos para cada 1.000 mil/hab.; seguido de Tocantins, com 255,4 casos para cada 1.000 mil/hab. O estado do Amapá, com 10,1 casos para cada 1.000 mil/hab., registrou o menor coeficiente de incidência de intoxicação exógena por agrotóxico.
Problemas enfrentados
Os principais problemas relatados pelos municípios são a falta de recursos humanos, grande rotatividade no serviço e número reduzido de técnicos para realização de trabalho de rotina. Acre, Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraná, Pernambuco e Santa Catarina aparecem como os relatores dessas adversidades.
Foram citadas ainda dificuldades em relação ao enfrentamento da desinformação sobre a VSPEA, este fator sendo um dificultador do trabalho dos setores com a comunidade, além de limitar as atividades propostas pelo órgão público, gerando outro contratempo, a falta de integração.
Outros entraves destacados são relacionados ao deslocamento para reconhecimento de território objetificando identificar os fatores de risco e a população exposta aos agrotóxicos, bem como a ausência de alguns campos da ficha de notificações de intoxicação exógena por agrotóxicos, sendo que ao todo 9 estados apontaram esse como principal problema.