A nova edição do Boletim Epidemiológico, elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, destaca os dados sobre a morbimortalidade por zoonoses no Brasil entre 2007 e 2023. No período, foram notificados 472.790 casos, resultando em uma média anual de 27.811 registros.
As zoonoses são doenças infecciosas causadas por agentes que podem ser transmitidos entre animais vertebrados e seres humanos. A transmissão pode ocorrer de forma direta, por meio do contato com secreções ou fluidos corporais de animais infectados, mordeduras ou arranhaduras, ou de forma indireta, por meio de vetores, alimentos contaminados ou ambientes com presença do agente infeccioso.
No período analisado, a Leishmaniose Tegumentar (LT) foi a zoonose com maior número de casos registrados, somando 307.440 notificações. Em seguida, destacam-se a Leptospirose, com 59.479 casos, a Leishmaniose Visceral (LV), com 50.101 registros e a Toxoplasmose adquirida durante a gestação, com 44.127 notificações.
A Região Norte apresentou o maior número de casos, com 158.169 registros, seguida pela Região Nordeste, com 131.963. Entre os estados, o Pará liderou com 66.159 casos, seguido pela Bahia, com 48.304, e Mato Grosso, com 37.681 casos.
De acordo com informações do boletim, a morbidade por zoonoses foi mais frequente entre homens adultos em idade produtiva, populações indígenas e residentes em áreas da Região Norte, especialmente em contextos de maior vulnerabilidade social e barreiras geográficas. Já a mortalidade foi maior entre idosos, na população negra e habitantes da Região Centro-Oeste, com destaque para municípios rurais e estados historicamente endêmicos
Óbitos
Entre 2007 e 2023, o País registrou 139.987 óbitos relacionados a zoonoses, com média anual de 8.235 mortes. Quando analisados os períodos fracionados, evidencia-se aumento na taxa média de mortalidade padronizada no período entre 2007 e 2012, com 4,25 por 100 mil habitantes, em relação ao período 2013 e 2018, com 4,13 por 100 mil habitantes. Mostrou, ainda, redução no período entre 2019 e 2023, com 3,83 por 100 mil habitantes.
A ampliação do acesso a testes diagnósticos, medicamentos e vacinas é fundamental para a redução da morbimortalidade, especialmente em regiões remotas ou de difícil acesso, nas quais os desafios logísticos e estruturais são grandes.