OMS: mpox continua a ser emergência internacional de saúde

Doença foi decretada novamente como o status mais alto de alerta da organização em agosto do ano passado e continua a circular de forma significativa no continente africano

O que diz a mídia

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou, nesta segunda-feira, que a mpoxcontinua a representar uma emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII), nível mais alto de alerta da autoridade sanitária. A decisão de Tedros seguiu a recomendação do Comitê de Emergência da organização, que se reuniu no último dia 5 e orientou o diretor-geral a estender a ESPII.

Embora tenha reconhecido avanços na capacidade de resposta em certos países, o Comitê cita como motivos para a manutenção do cenário de emergência o “aumento contínuo do número de casos, incluindo um crescimento recente na África Ocidental, e a provável transmissão não detectada em andamento em alguns países fora do continente africano”.

Durante a abertura da reunião do Comitê, o diretor-geral da OMS afirmou que, desde o início do ano passado, mais de 37 mil casos foram notificados à organização por 25 países, além de 125 mortes. A República Democrática do Congo (RDC) representa 60% dos casos confirmados e 40% das mortes, seguida por Uganda, Burundi e Serra Leoa.

Essa foi a quarta reavaliação desde que a OMS decretou novamente emergência para a mpox, em agosto do ano passado. Na época, Tedros Adhanom citou como motivos para a ESPII a explosão de casos na RDC, a expansão da doença para novos países no continente e a identificação de uma nova versão da cepa mais letal do vírus, chamada de Clado 1b, que passou a se disseminar por vias sexuais.

Ao todo, 16 especialistas participam do grupo que aconselha o diretor-geral sobre a emergência do mpox. Entre eles, dois brasileiros: a coordenadora do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Clarissa Damaso, e o pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cidacs/Fiocruz) Eduardo Hage Carmo.

Sobre o cenário atual, a OMS destaca que a RDC continua a notificar entre 2 mil e 3 mil casos suspeitos por semana, um patamar elevado. Além disso, enquanto, em Uganda e Burundi, há sinais de melhora, Serra Leoa tem registrado um aumento contínuo de casos desde o início do ano, com mais de 600 infecções confirmadas somente na semana mais recente.

Desde a última reunião da OMS, em fevereiro, sete países também relataram pela primeira vez surtos de mpox: Albânia, Etiópia, Maláui, Macedônia do Norte, Sudão do Sul, República Unida da Tanzânia e Togo. Em relação à nova cepa, o Clado 1b, 10 nações africanas vivem transmissão sustentada do vírus. Países de fora do continente, como o Brasil, chegaram a registrar casos da variante, mas de forma isolada em pacientes que chegaram do exterior.

Entre os desafios para o combate à mpox, o Comitê apontou questões operacionais persistentes, “incluindo questões relacionadas à vigilância e aos diagnósticos, bem como a falta de financiamento, que tornam difícil priorizar as intervenções de resposta e exigem apoio internacional contínuo”.

No discurso, Tedros ressaltou ainda os cortes no financiamento de programas de HIV, “dificultando a detecção e o controle em grupos-chave e vulneráveis”. Desde que Donald Trump retornou à Presidência dos Estados Unidos, no início deste ano, uma série de iniciativas globais de saúde promovidas pelo país foram encerradas.

A vacinação, também demorou a chegar ao continente africano. Na RDC, a campanha teve início apenas no dia 5 de outubro com apoio da Unicef, Gavi, OMS e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África (Africa CDC), dois meses após o decreto de emergência internacional. Até agora, 2,9 milhões de doses foram disponibilizadas nos territórios, e 724 mil já foram aplicadas, segundo a OMS.