Eu (Carmino) sempre digo a meus colegas, alunos e amigos que, aos 73 anos de idade e tendo caminhado uma longa estrada na medicina, hematologia, academia e ciência, os fármacos mais revolucionários que eu vi e pude, de certo modo, colaborar em seus desenvolvimentos, foram os inibidores de tirosina-quinase, com início pelo ainda muito atual, o Imatinibe.
A introdução do Imatinibe no final do século passado, mudou a história natural de uma das doenças mais agressivas e letais da humanidade, a leucemia mieloide crônica (LMC) e inaugurou uma nova era dos tratamentos alvo específicos dentro da Oncologia moderna.
Este ano de 2025 é um marco notável na luta contra a leucemia mieloide crônica – o 25º aniversário dos inibidores de tirosina quinase (TKIs). A história do desenvolvimento do TKI é fruto de extensa colaboração internacional e coragem.
Uma história que formou a base do iCMLf (Fundação Internacional de leucemia mieloide crônica), e que esperamos levar sempre adiante à medida que continuamos trabalhando para melhorar os resultados para pessoas com LMC. Ao longo deste ano, os cientistas certamente compartilharão os destaques do desenvolvimento, impacto e oportunidades futuras desta terapia incrível.
Neste texto, gostaríamos de compartilhar uma mensagem traduzida por nós do Professor Jorge Cortes e do Professor Brian Druker, grandes protagonistas desta linda jornada científica.
Uma mensagem especial do Professor Jorge Cortes e do Professor Brian Druker: Ao comemorarmos o 25º aniversário dos TKIs, refletimos sobre um dos avanços mais transformador e no tratamento do câncer. Vinte e cinco anos atrás, a introdução do imatinib (Gleevec/Glivec) mudou o curso da LMC para sempre, transformando uma doença antes fatal em uma condição controlável para a maioria dos pacientes. Essa conquista só foi possível por meio de uma colaboração extraordinária entre cientistas, clínicos, pacientes e a indústria farmacêutica.
Juntos, nós reimaginamos o que era possível para pessoas vivendo com LMC. A história dos TKIs é uma prova do poder do trabalho em equipe, da perseverança e do compromisso inabalável de melhorar os resultados dos pacientes. O impacto dos TKIs é inegável. Eles salvaram muitas vidas e melhoraram a qualidade de vida, e inspiraram esperança para pessoas que vivem com LMC.
No entanto, a jornada não acabou. O acesso a esses tratamentos que salvam vidas continua sendo um desafio para muitos, e garantir que eles sejam usados de forma eficaz é igualmente crítico. Devemos continuar a trabalhar juntos para tornar o acesso aos TKIs e ao tratamento especializado para LMC uma realidade para cada pessoa que precisa deles, enquanto continuamos buscando respostas para as muitas perguntas restantes sobre LMC para tornar a cura uma realidade para todos os pacientes.
Na iCMLf, tudo o que fazemos é construído sobre o legado dos TKIs. Do avanço da pesquisa à educação de médicos e à defesa de cuidados equitativos, a otimização da terapia com TKI continua a inspirar nossa missão. Ao celebrarmos o marco de 25 anos, também olhamos para o futuro – um futuro onde uma cura, juntamente com este tratamento extraordinário, está ao nosso alcance. Obrigado por fazer parte dessa jornada conosco. Juntos, celebramos o passado, honramos o presente e lutamos por um futuro ainda mais brilhante.
Professor Jorge Cortes
Presidente, iCMLf
Diretor do Georgia Cancer Center
Augusta, GA, EUA
Professor Brian Druker
Lider do Desenvolvimento do imatinibe
OHSU Knight Cancer Institute
Portland, OR, EUA
Importante ressaltar que o Brasil, através de um trabalho colaborativo entre inúmeras Universidades e grupos de pesquisas, liderado inicialmente pelo Prof. Ricardo Pasquini da Universidade Federal do Paraná, foi e continua sendo, grande protagonista nas pesquisas que não param.
Certamente, pesquisas continuarão sendo feitas para conseguirmos, finalmente, a cura da LMC, como enfatizado no texto dos professores de instituições americanas. É um orgulho termos, de certo modo, contribuído neste avanço maravilhoso da ciência.
No Brasil ainda temos muitos desafios, como viabilizar o acesso às novas drogas, garantir o acesso ao tratamento e ao monitoramento da doença. A jornada continua como continuam sempre as pesquisas e os avanços científicos. Devemos celebrar estes momentos e apresentar à sociedade um pouco do trabalho de centenas de cientistas neste campo da Oncologia, incluindo muitos de nós, brasileiros.
*Prof. Carmino Antônio De Souza é professor titular da Unicamp. Foi secretário de saúde do estado de São Paulo na década de 1990 (1993-1994) e da cidade de Campinas entre 2013 e 2020. Secretário-executivo da secretaria extraordinária de ciência, pesquisa e desenvolvimento em saúde do governo do estado de São Paulo em 2022 e atual Presidente do Conselho de Curadores da Fundação Butantan. Diretor científico da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) e Pesquisador Responsável pelo CEPID-CancerThera-Fapesp.
**Katia Pagnano é professora livre-docente pela Universidade Estadual de Campinas e da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCC). É membro da diretoria da Fundação Internacional da leucemia mieloide crônica, coordenadora do Comitê Científico de LMC da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) e presidente do Grupo Brasileiro de LMC (GB-LMC).
Fonte: Hora Capinas