Utilização de melatonina é tema de nova live do XXI Congresso do Sono

Especialistas vêm apresentando assuntos que estarão presentes no grande evento

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Dando continuidade às lives de aquecimento para o XXI Congresso Paulista de Medicina do Sono da Associação Paulista de Medicina, na última quinta-feira (25), a “Utilização da melatonina” foi pauta da edição. Andrea Toscanini, membro da comissão organizadora do Congresso, recebeu a otorrinolaringologista e especialista em Medicina do Sono Sandra Doria para falar mais sobre o tema.

As especialistas explicaram que a melatonina é um hormônio da noite, regulador de ritmo circadiano, utilizado quando pacientes possuem transtornos, de modo que é possível antecipar o bloco de sono para um horário mais adequado. A melatonina também pode ser utilizada para pacientes com transtornos comportamentais e há a indicação para aqueles que possuem transtorno do espectro autista (TEA).

Todavia, Sandra explicou que a aplicação da melatonina deve ser feita de forma responsável e consciente. “Há um uso indiscriminado, achando que vai resolver o quadro da dificuldade de sono da criança. Pacientes que têm TEA e demais alterações no neurodesenvolvimento precisam de uma rotina e de uma exploração nítida do contraste entre o claro e o escuro. Todo o conjunto de ‘higiene do sono’ é fundamental antes de se pensar na introdução da melatonina.”

A otorrinolaringologista apontou que a melatonina irá contribuir para ajudar o cérebro a entender que está na hora de iniciar o processo de adormecimento, mas que não é um indutor de sono – tanto que o hormônio não é utilizado no tratamento para insônia. Sandra também relembrou que, pelo fato de estar liberada como um suplemento alimentar, a melatonina ainda não passou por todos os critérios científicos consagrados.

“Ainda não há trabalhos importantes, com significância clínica em população diabética, hipertensa, nas várias subclasses das doenças. Com isso, acaba existindo uma certa dificuldade de dizer ‘sim, a melatonina é segura’. Nós ficamos com uma certa cautela, porque ainda não tem na literatura uma resposta a respeito disso”, relatou.

Resultados

A médica relembrou que utiliza a melatonina com seus pacientes, mas que nem sempre ela sozinha tem o efeito desejado. Há casos de crianças que precisam de outros suportes medicamentosos e, por isso, é fundamental trabalhar de forma interdisciplinar com outros especialistas para ter um resultado cada vez mais satisfatório no tratamento.

“Acho interessante não ser você o único profissional a decidir a medicação para o sono, mas fazer isso junto com o neurologista e com o pediatra. Isso é o que vai fazer com que tenhamos um melhor desempenho com o nosso paciente, essa divisão de tarefas”, disse, reforçando a necessidade de utilizar a melatonina de maneira cuidadosa.

“Os médicos precisam ter esse cuidado de saber o quanto vão dar de melatonina, já que não há muita literatura e trabalhos feitos a longo prazo para realmente comprovar que não existem efeitos colaterais”, complementou.

O XXI Congresso Paulista de Medicina do Sono acontece durante os dias 17 e 18 de maio, no Villa Blue Tree, em São Paulo. Para realizar inscrições e obter mais informações, acesse este link.

Fotos: Reprodução live