Qual a melhor vacina para crianças?

Antes de responder à pergunta do título, é preciso responder a uma mais importante: é realmente necessário vacinar as crianças brasileiras para Covid-19? A resposta é um retumbante “sim”.

O que diz a mídia

O fato de que a Covid-19 afeta mais os adultos e o olhar supervalorizado para dados do exterior têm obscurecido o impacto sobre nossas crianças.

Dados do Ministério da Saúde, compilados rigorosamente pelo infectologista pediátrico Dr. Marco Aurelio Safadi, demonstram que morreram no Brasil mais crianças por Covid-19 do que por qualquer outra doença infecciosa passível de prevenção por vacinas. Até 2021 34 mil menores de 19 anos de idade foram hospitalizados com síndrome respiratória aguda grave pela Covid-19. Destes, 2,6 mil foram a óbito, implicando em uma letalidade entre crianças hospitalizadas de 7,2%, cerca de dez vezes maior do que nos EUA (0,5% a 1%).

Na faixa da vacinação recém-autorizada, 5 a 11 anos, estão 20% destas hospitalizações e 14% das mortes. Ao contrário do que se desinforma, entre as que foram a óbito, 40% não tinham comorbidades. Uma complicação da Covid-19 em crianças, a Síndrome Inflamatória Multisistêmica Pediátrica, prevenível por vacinação, ocorre em uma a cada quatro mil crianças infectadas, tem letalidade de 6% no Brasil, e metade das mortes ocorreu justamente no grupo entre 5 a 11 anos de idade. Ainda não temos dados confiáveis sobre as complicações a longo prazo da Covid-19 em crianças (Covid longa), mas no exterior estima-se que a cada dez crianças infectadas por variantes pré-Ômicron, uma desenvolveu Covid longa.

Importante ressaltar que crianças se infectam pelo Sars-CoV-2 com frequência igual ou até superior a adultos, e mesmo que o risco da ocorrência de Covid longa associada à Ômicron seja menor, o exponencial número de crianças infectadas pela Ômicron no Brasil antecipa um grande contingente de crianças brasileiras convivendo com as consequências da Covid longa.

Além de todos esses riscos a serem minimizados, as aulas estão recomeçando e seria importante que crianças estivessem protegidas, diminuindo o absenteísmo escolar, reduzindo o risco de transmissão aos seus colegas, professores, funcionários e familiares. Pfizer ou Coronavac? Os resultados da Pfizer são mais transparentes, publicados em revistas científicas renomadas. Mais de 8 milhões de doses da Pfizer já foram administradas “no mundo real” nos EUA. Destes, apenas 0,05% reportaram reações adversas, sendo 98% leves; houve identificação de aproximadamente apenas um caso de miocardite para cada milhão de doses administradas, e todos tiveram evolução clínica favorável.

Já no que se refere à Coronavac, dados de segurança em crianças acima de 5 anos vêm da experiência de mundo real de dois países; dezenas de milhões de doses administradas na China, que apontam que quando há efeitos adversos, 98,5% foram considerados não sérios. Já no Chile, dados de vigilância após mais de 3 milhões de doses administradas em crianças mostram notificação de efeitos adversos em apenas 0,01% das doses administradas, sendo que 88% foram considerados não graves.

Dados de Fase 4 do Chile, ainda com as variantes Gama e Delta prevalecendo, demonstram taxas de incidências 74% menores de infecção sintomática e 90% menores de hospitalização por Covid-19 em crianças vacinadas com duas doses em comparação com populações não vacinadas. A Coronavac ainda não pode ser aplicada em crianças brasileiras imunodeprimidas, não por risco de segurança, mas por falta de dados neste momento.

Uma dica final: o mais importante é vacinar seu filho já e com a que estiver disponível primeiro! Ambas as vacinas são seguras e eficazes! É gratuito, acessível e eles têm o direito de receber o mesmo benefício que nós adultos tivemos!

Fonte: O Globo