Diário do Grande ABC divulga nota da APM sobre mototáxis

Entidade ressalta o aumento de riscos nos acidentes de trânsito que a atividade pode proporcionar

APM na imprensa

Internações por acidentes de moto crescem no Grande ABC

No ano passado, 1.525 pacientes foram hospitalizados na região; São Bernardo tentou proibir mototáxi alegando riscos à segurança de motociclistas e passageiros

As internações por acidentes de motocicletas cresceram 8,5% em um ano no Grande ABC. De janeiro a novembro do ano passado, 1.525 pacientes foram hospitalizados na rede estadual da região, enquanto no mesmo período de 2023 foram 1.405 vítimas. Os dados, os mais recentes disponíveis, são de um levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde a pedido do Diário. 

Em relação ao número de atendimentos ambulatoriais, as unidades hospitalares do Grande ABC registraram 34 vítimas de acidentes de motocicletas em 2024, contra 36 em 2023 – diminuição de 5,6%. Se consideradas as duas categorias de atendimento, internação e procedimentos clínicos, o aumento foi de 8,2% no período, totalizando 1.559 registros no ano passado, ante 1.441 em 2023. 

Questionadas, as prefeituras não informaram os dados de atendimentos clínicos e internações de vítimas de acidentes de motos na região.

O médico pediatra e urgentista do Samu Valderi Júnior afirma que o País está vivendo uma epidemia de mortes por acidentes automobilísticos, com destaque para os relacionados às motocicletas. Júnior explica que a estrutura da moto agrava o índice de lesões graves em condutores e passageiros, em comparação com motoristas de carros. 

“Inúmeros fatores contribuíram para instalação dessa epidemia, como a facilidade para compra de motocicletas, o trânsito caótico dos carros, uso inadequado do veículo e ausência de equipamentos de proteção individual, baixo custo de manutenção e criação de um mercado de trabalho para motociclistas”, pontua o médico urgentista, que possui especialização em Gestão em Sistemas de Saúde. 

Além dos serviços de entrega, outra atividade remunerada que envolve a categoria é o transporte de pessoas por motocicletas, realizada por intermédio de aplicativos ou de maneira clandestina. Esta modalidade de transporte individual ganhou grande repercussão neste ano devido às discussões jurídicas entre a Prefeitura da Capital e as empresas de transporte por aplicativo. 

A APM (Associação Paulista de Medicina) emitiu ontem uma nota onde ressalta o aumento de riscos nos acidentes de trânsito que a atividade (mototáxi) pode proporcionar. No comunicado, a associação diz que, segundo dados do Ministério da Saúde, o número de acidentes com motos pelo País gerou mais de 300 mil atendimentos na rede pública.

“Com isso, a APM alerta que o serviço de mototáxi na Capital, que já tem um trânsito bastante carregado e perigoso, representaria um grande risco para passageiros e motoristas, além de piorar possivelmente a sobrecarga do sistema de Saúde, com o potencial aumento do número de acidentes advindos da popularização dessa opção de transporte”, destaca a entidade. 

REGIÃO

No Grande ABC, o serviço de mototáxi atua sem norma desde 2021 e somente a Prefeitura de São Bernardo judicializou a atividade de transporte de passageiros por motocicletas. Para tentar proibir a modalidade no município, o Paço alegou riscos à segurança de motociclistas e passageiros e em 2023, a administração entrou na Justiça contra as plataformas Uber e 99 e solicitou a suspensão do serviço na cidade. Porém o pedido foi negado pela Justiça. 

Desde início da operação do serviço na região, os números de óbitos e acidentes de trânsito envolvendo motociclistas cresceram 15% e 10%, respectivamente. Segundo dados do Infosiga, do Detran-SP (Departamento de Trânsito de São Paulo), as sete cidades contabilizaram 3.726 acidentes em 2021, ante 4.287 ocorrências no ano passado. Em relação às mortes envolvendo motociclistas e passageiros, os casos passaram de 92, em 2021, para 102, em 2024 – alta de 10,8%.

Conforme anunciado na semana passada, a discussão sobre a proibição do serviço de mototáxi na região será feita pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, segundo sugestão dos prefeitos e presidentes das Câmaras. O colegiado informou que está organizando a pauta para a primeira reunião do GT (Grupo de Trabalho) Mobilidade Urbana com os novos secretários municipais, ainda sem data definida.

CAMPANHA

Desde o dia 27, o serviço de mototáxi está proibido pela Justiça na Capital. A modalidade havia começado a atuar no município em 14 de janeiro. No último sábado (8), o embate entre a Prefeitura e os aplicativos ganhou mais um capítulo com a nova campanha da administração contra a modalidade. Em publicação nas redes sociais, a peça publicitária traz o depoimento do motoboy Renato Dantas dos Santos, que sofreu um acidente de trânsito e hoje é cadeirante. 

“Por isso a Prefeitura não permite o mototáxi por aplicativo. Para não acontecer com você o que aconteceu comigo, ou até mesmo pior”, diz o homem enquanto assiste imagens de acidentes envolvendo motos.

Confira o texto completo neste link

Fonte: Diário do Grande ABC