No dia 28 de julho, a Comissão Estadual de Negociação de Honorários Médicos, liderada pela Associação Paulista de Medicina, realizou uma reunião virtual com a operadora de plano de saúde Care Plus, com o intuito de apresentar a pauta de negociação deste ano.
Participaram o diretor adjunto de Defesa Profissional da APM, Marun David Cury, e o 2º tesoureiro do Conselho Federal de Medicina, Carlos Magno. Representando a Care Plus, esteve o gerente de Credenciamento, Jorge Luiz Gomes de Azevedo.
Marun iniciou a conversa destacando a pressão que vem sendo exercida pelas sociedades de especialidades, argumentando que os avanços obtidos até o momento não são suficientes, e a remuneração da classe médica continua muito defasada. “Eles nos pressionaram fortemente. Firmamos uma parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que representa o núcleo comprador dos planos de saúde, e algumas reuniões estão sendo realizadas lá”, contou.
Além disso, o diretor da APM explicou que as entidades estão atuando junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e ao Ministério Público, com o objetivo de discutir a relação do trabalho médico com a operadora de plano de saúde. “A pauta apresentada propõe o valor de R$ 180,00 por consulta para este ano, com a exigência de que a operadora atualize esse valor. Também solicitamos um documento assinado pela operadora se comprometendo a cumprir essa atualização”, acrescentou.
Azevedo explicou que a Care Plus entende a necessidade de uma remuneração adequada para a classe médica. “Esse é, de fato, o caminho ideal. No entanto, observamos um cenário adverso, no qual hospitais e prestadores de Medicina Diagnóstica elevam seus valores significativamente, enquanto os honorários médicos não acompanham essa evolução. Ao longo dos anos, a Care Plus tem refletido sobre isso e buscado construir parcerias com os médicos para manter o equilíbrio. Certamente, iremos realizar alguns estudos, mas enxergamos um grande potencial de aproximação dos valores que estão sendo solicitados por vocês”, afirmou.
O gerente de Credenciamento da Care Plus também destacou a necessidade de apoio da comissão para iniciar uma conversa paralela sobre alguns médicos que, atualmente, não mantêm conduta profissional adequada. “A Care Plus vai denunciar esses profissionais e gostaríamos da colaboração de vocês para dar andamento a esse assunto.” Marun Cury solicitou que a Care Plus apresente esses casos, de modo que a comissão possa intervir de forma adequada.
Carlos Magno também reforçou que as entidades médicas não compactuam com esse tipo de comportamento. “Hoje, muitos profissionais solicitam diversos exames sem examinar o paciente. Somos contrários a esse tipo de situação, que onera o plano de saúde, desgasta o paciente e, em alguns casos, não contribui para um diagnóstico preciso. Não condenamos o pedido de exames, mas sim o excesso injustificado, sem uma justificativa clínica clara”, concluiu.
Pauta de Negociação
1 – Valor da Consulta em R$ 180, independentemente do tipo de plano do beneficiário.
2 – Valorização de Procedimentos conforme hierarquização proposta pela FIPE e constante na CBHPM até 2017.
3 – Necessidade de ganhos reais sobre a inflação e não somente a recomposição de valores (três anos para realinhamento dos honorários, com aumento anual de 10% do IPCA).
4 – Realinhamento e recomposição de valores a incidir sobre todas as formas de remuneração médica (fee for service, pacotes, celetistas e pejotizados, entre outros).
Fotos: Reprodução da reunião