De acordo com o Global Report on Drowning 2024, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2021, o afogamento causou mais de 300 mil mortes no mundo todo, sendo que nove em cada dez mortes ocorrem em países de baixa e média renda. Nestes locais, a taxa de afogamento é três vezes maior do que em países de alta renda.
Crianças e jovens são o principal grupo de risco. Na América Latina e no Caribe, em 2021, o afogamento foi a segunda principal causa de morte extrema em crianças menores de 5 anos e a terceira entre crianças e adolescentes de 5 a 14 anos.
Novo Boletim Epidemiológico, divulgado no dia 24 de julho pelo Ministério da Saúde, destaca os dados sobre mortalidade e internação por afogamento não intencional de crianças e adolescentes no Brasil.
De acordo com os dados, no Brasil, em 2023, o afogamento foi a segunda principal causa de morte por causas externas em crianças de 0 a 9 anos e a terceira em adolescentes de 10 a 14 anos. A idade é um fator de risco importante, pois a falta de supervisão e de competência aquática aumentam os riscos de afogamento. Nos adolescentes, o comportamento de risco, consumo de álcool e drogas contribuem para a vulnerabilidade ao afogamento.
Óbitos
Entre 2010 e 2023, ocorreram 71.663 óbitos por afogamento no País, sendo 13.486 entre crianças e adolescentes de 0 a 14 anos. O afogamento em águas naturais foi o mais frequente, representando 43% dos óbitos. No mesmo período, foram registradas 10.719 internações por afogamento, com maior frequência em piscinas.
As taxas de mortalidade foram superiores com crianças do sexo masculino de 1 a 4 anos. A maioria dos óbitos em 2023 ocorreu em meninos (67,6%), em crianças de 0 a 4 anos (56,2%), residentes na Região Sudeste (31,4%) e em crianças da pele parda (59,1%).
Observa-se também diferenças nos tipos de afogamento em relação à cor da pele. Aproximadamente um terço dos óbitos por afogamento entre crianças e adolescentes brancas ocorreu em piscinas, enquanto 42,1% dos afogamentos entre as pardas, e 53,7% entre as negras, ocorreu em águas naturais.
Conforme o documento, em geral, os afogamentos apresentam alta letalidade, sendo as crianças menores de 5 anos as mais acometidas. “Dessa forma, torna-se imprescindível produzir campanhas de prevenção direcionadas para grupos de maior risco, bem como seus responsáveis implementarem medidas de conscientização sobre a segurança de crianças durante atividades de lazer na água”, destaca o boletim.
Em relação a crianças e adolescentes, há estratégias de prevenção bem-sucedidas e de baixo custo, que incluem:
- educação sobre segurança aquática;
- conscientização de pais e cuidadores sobre a supervisão contínua de crianças por adultos em ambientes aquáticos;
- instalação de barreiras físicas, como cercas ao redor de piscinas e áreas externas, para limitar o acesso;
- uso de coletes salva-vidas em atividades recreativas, de transporte e áreas de risco;
- regulamentação e fiscalização para garantir o acesso seguro a rios, lagos, lagoas e praias;
- treinamento em salvamento aquático que inclua: ofertar assistência à vítima sem comprometer a própria segurança, primeiros socorros e ressuscitação cardiopulmonar para respostas rápidas às emergências;
- mitigação de riscos em áreas recreativas por meio da presença de guarda-vidas e sinalização adequada;
- e adoção de medidas preventivas em desastres naturais, como construção de infraestruturas resilientes e implementação de sistemas de alerta precoce.