Na última sexta-feira, 15 de agosto, segundo dia da quarta edição do Congresso Paulista de Dor, o Simpósio Satélite da Zambon teve como palestrante a presidente do Comitê Científico de Dor da Associação Paulista de Medicina, Telma Zakka, para falar sobre “Quando a Dor Começa: A importância do Diagnóstico e Tratamento Precoce”.
A especialista iniciou a apresentação destacando que a dor aguda é o passo inicial para a dor crônica. Ela definiu a dor como uma experiência sensitiva e emocional desagradável, ressaltando que cada pessoa a sente de forma única. A dor crônica, em particular, afeta diversas áreas da vida, influenciando o humor, o sono e podendo gerar ansiedade e depressão, além de comprometer a mobilidade de pessoas que chegam a parar de viver por causa das dores.
Ao abordar a dor aguda, Telma a descreveu como um sintoma que começa de repente, como em casos de cólica renal ou menstrual, dor de dente ou dor lombar. As causas mais frequentes desse tipo de dor vêm de traumas, pós-operatórios, doenças ou lesões. A dor aguda tem duração limitada, podendo durar por até três meses, e geralmente é resolvida com o uso de anti-inflamatórios e analgésicos.
Em um estudo realizado, com foco em traumas e acidentes, 91% dos pacientes eram admitidos com dor, e 86% ainda sentiam dor no momento da alta. Destes, dois terços apresentavam dor de alta intensidade.
Desigualdade de gênero no tratamento da dor
Se tratando de mulheres, estudo realizado em 2024, que incluiu 22 mil mulheres nos Estados Unidos e em Israel, revelou que as mulheres esperam cerca de 30 minutos a mais do que os homens para serem atendidas e recebem menos analgésicos. Enquanto isso, os homens recebem tratamentos mais eficazes, e suas queixas são mais valorizadas e ouvidas. Essa desigualdade indica que, para quadros clínicos semelhantes, o tratamento pode variar entre os gêneros.
A palestrante explicou também que as mulheres sentem mais dor que os homens devido a diferenças hormonais: a testosterona tem um efeito mais protetor contra a dor, enquanto o estrógeno funciona como um facilitador.
A apresentação continuou com uma revisão sistemática do atendimento de dor em emergências, destacando problemas no serviço de Saúde e na atuação dos profissionais. A pesquisa chegou a cinco conclusões principais: o manejo da dor é crucial em ambientes de emergência, a equipe de Saúde não reconhece a necessidade de melhorar o manejo de dor, o ambiente de emergência dificulta a melhoria do manejo da dor, o tratamento da dor baseia-se na experiência pessoal e não no conhecimento, e por fim, a equipe não confia nas queixas do paciente
Com base nesses pontos, Telma Zakka concluiu que a dor é, de modo geral, tratada de forma inadequada nos prontos-socorros.
IV Congresso Paulista de Dor
Entre os dias 14 e 16 de agosto, o Comitê Científico de Dor da Associação Paulista de Medicina realizou a quarta edição do Congresso Paulista de Dor. O evento teve como tema central a integração entre conhecimento clínico especializado e a inteligência artificial no diagnóstico e tratamento da dor, reunindo especialistas renomados para a discussão de casos reais.
Os participantes vivenciaram três dias de aprendizados. No pré-congresso, o foco foi a “A Arte da Medicina: transformar a dor e o sofrimento”. Já nos dias seguintes, o evento se aprofundou na discussão de diferentes tipos de dor por meio de casos clínicos, com apresentações e debates sobre dor pélvica e musculoesquelética no segundo dia.
No terceiro último dia, os temas foram cefaleia e dor neuropática. Todas as discussões tiveram palestras que aprofundaram os assuntos, seguidas por ruma discussão entre os palestrantes e o público e depois o uso comparativo da Inteligência Artificial. O Congresso foi uma excelente oportunidade para a troca de conhecimentos e experiências.





Texto e fotos: Maria Lima (sob supervisão de Giovanna Rodrigues)