A malária é considerada uma das principais causas de óbito por doenças infecciosas, principalmente em regiões tropicais e subtropicais. É o que demonstra a nova edição do Boletim Epidemiológico elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, que analisa a utilização do medicamento tafenoquina no Sistema Único de Saúde como alternativa terapêutica para a cura da malária ocasionada por Plasmodium vivax.
A incorporação do medicamento no SUS aconteceu em junho de 2023 e está restrita a pacientes acima dos 16 anos, com peso superior a 35 kg e que não estejam grávidas ou amamentando. De acordo com o Ministério da Saúde, a implementação da tafenoquina simboliza um notável avanço no controle da malária em todo o Brasil e está diretamente alinhada às medidas adotadas mundialmente com foco na eliminação da doença.
Planejamento e implementação
Ao todo, participaram do planejamento e da estratégia para implementação da tafenoquina 17 municípios e sete Distritos Sanitários Especiais Indígenas localizados na região amazônica e distribuídos entre seis estados, dando prioridade àqueles com maior concentração no número de casos de P. vivax notificados em 2023 – ou seja, em que há mais de 80% da carga de malária por esta espécie no Brasil.
Neste sentido, para possibilitar o tratamento foram treinados 1.939 profissionais distribuídos em 34 turmas que se dividiam entre o Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, sendo que, neste último, os treinamentos eram concentrados somente em regiões indígenas.
Dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Malária (Sivep-Malária) demonstram que entre março e dezembro de 2024 – período referente ao início da implementação da tafenoquina no País – foram realizadas, no total, 6.235 testagens em 166 unidades localizadas na região amazônica.
Dos pacientes que participaram dos testes, 75,8% (4.726) deles apresentaram alta atividade enzimática, 18% (1.122) atividade intermediária e 6,2% (387) níveis baixos. Dos pacientes com alta atividade enzimática considerados elegíveis para o tratamento com o medicamento, 4.016 (84,9%) iniciaram a utilização da tafenoquina entre março e dezembro de 2024.
Resultados
As informações do boletim também demonstram que houve um aumento progressivo no atendimento de pacientes tratados após o início da implementação do tratamento, de modo que 993 pessoas foram atendidas no âmbito do SUS.
Os municípios com o maior número de pacientes testados e tratados com a tafenoquina são Manaus/AM, 787 casos; Porto Velho/RO, 716 casos; São Gabriel da Cachoeira/AM, 664 casos; Itaituba/PA, 396 casos; e Jacareacanga/PA, 323 casos.
Nas áreas indígenas, os Yanomamis tiveram o maior número de pessoas tratadas, com 350 no total. Em seguida, está a população de Alto Rio Negro e Rio Tapajós, totalizando 32 e 31 tratamentos, respectivamente. Casos pontuais de pacientes tratados com a tafenoquina nas regiões indígenas de Roraima e Manaus também foram notificados.
Dos pacientes que receberam o tratamento, 79,9% foram identificados por meio de busca passiva, ou seja, procuraram espontaneamente os serviços de Saúde para tomar o medicamento. Do total, a maior parte deles apresentava sintomas (95,6%) e era do sexo masculino (71,5%), de raça/cor autodeclarada como parda (56,1%) e com a faixa etária entre 31 e 40 anos (21,6%) e ensino médio completo (25,1%).