Na manhã da última quarta-feira, 15 de outubro, o diretor de Comunicações da Associação Paulista de Medicina, Marcos Cabello dos Santos, concedeu entrevista ao programa Cidade 360º, da Rádio 96FM de Bauru (SP). Cabello abordou temas cruciais para a Saúde pública e privada no Brasil, focando em formação médica, humanização, impacto da tecnologia e muito mais.
O ponto de partida da discussão foi o controle e a qualidade da formação dos futuros profissionais. Cabello destacou uma mudança drástica no cenário educacional: “Em 1990, tínhamos 78 faculdades de Medicina no Brasil, praticamente 50% públicas. Hoje, temos quase 500 escolas médicas, a grande maioria sem estrutura adequada e sem professores”.
Para o diretor da APM, o curso de Medicina — que já dura em torno de seis anos — exige quase o dobro desse tempo para preparar um profissional de forma completa. A proliferação desordenada de escolas médicas e a precarização do ensino preocupam, especialmente por se tratar de uma profissão que “entra diretamente na vida de uma pessoa.” Cabello defendeu a necessidade de mecanismos mais rigorosos de controle e formação, como o exame de proficiência, visto por ele como uma maneira de exercer o devido controle sobre a qualidade.
A chegada da tecnologia e da inteligência artificial (IA) na Medicina traz preocupações quanto ao distanciamento entre médico e paciente. Marcos Cabello afirmou que a IA não pode atuar como um “anteparo” na relação. “Não aceitamos a ideia de você ter um paciente, um computador e um médico. A IA não pode distanciar o profissional do paciente,” ressaltou. Ele ainda reforçou que o ato médico é complexo e envolve o presencial, tendo que olhar, sentir, perceber, observar o gestual do paciente.
Foto: Reprodução entrevista