Pediatra José Martins Filho traz reflexão sobre a velhice

Médico é associado da APM desde 1970

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Nascido em 11 de setembro de 1943, em Santos (SP), José Martins Filho construiu uma sólida trajetória acadêmica. Graduou-se em Medicina pela USP de Ribeirão Preto, especializou-se em Pediatria e concluiu seu Doutorado na Unicamp, onde foi Professor Titular e diretor da faculdade de Ciências Médicas. Associado da Associação Paulista de Medicina desde 1970, ele recentemente gravou um vídeo dedicando um momento de reflexão à velhice, traçando um paralelo com a Pediatria. Confira a transcrição na íntegra:

“A velhice tem problemas parecidos com a Pediatria: eles precisam de cuidados, de presença, de ajuda e muitas vezes de orientação. E o pior problema da velhice é a solidão. Porque geralmente, nos casais, um já faleceu. O outro vai ficar sozinho, seja o marido ou a mulher. E a solidão pega a gente, porque as pessoas começam a ter outros problemas. Mesmo as pessoas da família não têm tempo para ficar toda hora te dando atenção. Então, você depende muitas vezes disso. E sabe o que é mais importante para a velhice? É ser independente, se manter fazendo as coisas sozinho, ir ao supermercado, saber qual remédio precisa tomar, ir ao médico sozinho, ir atrás das suas coisas e pedir ajuda somente quando for necessário e, principalmente, ter liberdade para viver, sentir, ter amigos, ter companheiros, poder se relacionar com todas as pessoas livremente, sem pedir autorização para fazer aquilo que você acha bom e importante. Se você está com a cabeça íntegra, pensando e raciocinando, procure manter sua liberdade e sua independência, não fique se lamentando ‘estou com dor nos ossos’. Isso não é doença, é sinal do tempo. Na medida em que você envelhece, você vai tendo mais dificuldades musculares. E a solução nem sempre é tomar remédio, e sim se exercitar, andar, caminhar, nadar, tentar se mover todos os dias e evitar ao máximo ficar sentado em uma cadeira, a não ser que seja necessário. O importante é nunca deixar de se mover. É sempre bom saber sobre a importância de não se entregar e viver a sua vida em qualquer idade, com boa vontade, com interesse na vida e nas pessoas, com interesse em aprender e sempre conseguindo conversar, discutir, dialogar e se posicionar filosoficamente, psicologicamente, ideologicamente e politicamente. Você não pode ficar morto e não expressar a sua opinião, tem que participar”.

Foto: Felipe Borges/SMCC