No decorrer da terça e quarta-feira desta semana, 18 e 19 de novembro, o Conselho Federal de Medicina (CFM) promove em sua sede, em Brasília, a primeira edição do Fórum do CFM e Escolas Médicas, focado no tema “O Futuro da Medicina começa no Ensino: Qualidade e Segurança como Missão do CFM”. O objetivo do evento foi ampliar o diálogo acerca da qualidade do ensino médico brasileiro e discutir o futuro da formação em Medicina no País.
A ocasião conta com a presença de renomados representantes da área médica nacional, como membros da autarquia, coordenadores e docentes de cursos de Medicina, entre eles, o presidente da Associação Paulista de Medicina, Antonio José Gonçalves; o diretor de Eventos da APM e 2º tesoureiro da Associação Médica Brasileira, Fernando Sabia Tallo; e o diretor Científico da AMB, José Eduardo Lutaif Dolci.
Para Gonçalves, a participação da APM, no papel de maior federada da AMB, está na unificação de forças. “Nós não poderíamos faltar a um evento tão importante como este, ainda mais com o projeto do Exame de Proficiência estando em uma fase tão adiantada de votação no Senado Federal”, argumenta.
O presidente do Conselho Federal de Medicina, José Hiran da Silva Gallo, manifesta a sua satisfação em poder estar à frente de uma discussão tão rica. “É de suma importância estarmos juntos para vermos como estão sendo formados os futuros médicos do nosso País. Trata-se de um encontro que conta com uma programação de alto nível e abre um importante canal de diálogo entre o CFM e os cursos de Medicina.”
Gallo também aproveita para reforçar a importância do Exame Nacional de Proficiência em Medicina. “A Constituição de 1988 afirma que é livre o exercício profissional do País, desde que atendidas as qualificações que a lei estabelece. Esta é uma premissa simples, mas essencial. Nenhuma profissão pode prescindir critérios objetivos de habilitação. Na Medicina isso se torna ainda mais evidente, porque lidamos com o bem maior, que é a vida. Na atualidade, vivemos um momento de dúvida sobre a competência dos egressos e, diante desta realidade, o País precisa de um mecanismo de aferição de competências.”
Ele também relembra que segundo pesquisa promovida pelo Conselho, 96% da população brasileira exigem a realização do Exame. “O esforço, a responsabilidade e o compromisso não podem ser fragilizados. Por isso, precisamos avançar na busca de soluções que preservem a confiança e a credibilidade conquistadas pela Medicina ao longo dos séculos e, sobretudo, tragam segurança e qualidade no atendimento para a nossa população brasileira.”
Considerações
O fórum conta com apresentações voltadas aos diversos aspectos da educação médica brasileira e aborda a realidade de outros países, como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Alemanha – utilizando-os como exemplo para poder elaborar um sistema de formação nacional efetivo e de qualidade.
Antonio Gonçalves relembra a apresentação da médica Andrea Anderson, membro da Federal State Medical Board, dos Estados Unidos, que mostrou como o processo de formação funciona no país norte-americano. “Acho que um dos aspectos importantes é que nos EUA existem 190 escolas médicas, o número de egressos é menor ao número de vagas de residência oferecidas e existe a proficiência tanto na graduação quanto na residência. A formação do médico é realmente muito longa e aferida com muita seriedade.”
O presidente da APM também destaca que, segundo Andrea Anderson, as avaliações de competências são feitas por um conselho independente, sem vinculação governamental ou com empresas de ensino, o que contribui para a elaboração de uma prova sem vieses ou conflitos de interesse. Além disso, também foram debatidas as possibilidades de se avaliar não apenas o médico, mas as escolas médicas – algo que o CFM está temporariamente impedido de realizar, por conta de uma liminar do Supremo Tribunal Federal.
Fernando Tallo, que moderou uma das mesas, fomenta a importância de um evento deste porte. “Eu acho que é um fórum interessante e importante, porque a discussão sobre o processo de licenciamento da profissão médica se aprofundou. Conseguimos ter opiniões sobre o assunto no Judiciário e discutir tecnicamente quais são as possibilidades e as modalidades de prova. Também tivemos a experiência internacional da regulação, como é feita em outros países, mais especificamente nos Estados Unidos. Foi bastante útil para formarmos o nosso padrão de realização do processo.”
Complementando, Antonio Gonçalves reforça que fornecer educação médica de qualidade é um dever das entidades. “O slogan deste fórum diz que o futuro da Medicina começa no ensino, qualidade e segurança e que estes tópicos são a missão do CFM, mas eu acrescentaria que é a missão das entidades médicas como um todo, particularmente da AMB e de suas federadas. Essas são as questões debatidas, é um evento extremamente interessante e eu acho que trouxe alguns esclarecimentos a respeito da situação atual, que vão nos ajudar a prosseguir na luta pela aprovação do Exame de Proficiência dos egressos dos cursos de Medicina.”
Fotos: Divulgação CFM



