O Organismo Patrimonial

Estamos experimentando um período de grande volatilidade. O mundo lida com as consequências da pandemia de Covid-19, que desestruturou as cadeias de produção, e com a inflação

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“Só fazemos melhor aquilo que repetidamente insistimos em melhorar. A busca da excelência não deve ser um objetivo, e sim um hábito”, Aristóteles.

Ao longo dos nossos encontros, busquei abordar através de analogias diversos conceitos do mercado financeiro, ressaltando as semelhanças entre as matérias.

Espero ter conseguido demonstrar que o seu patrimônio é um organismo vivo, formado igualmente por ativos. Ainda que sejam estruturas autônomas como as células, têm seu comportamento influenciado e interligado com outros organismos.

Assim também acontece na Economia e, consequentemente, no mercado financeiro. Estamos experimentando um período de grande volatilidade. O mundo lida com as consequências da pandemia de Covid-19, que desestruturou as cadeias de produção, e com a inflação.

O combate à pandemia requereu que fossem adotadas políticas restritivas de circulação de pessoas e mercadoria. Vivemos algo que nem Hollywood tinha conseguido fantasiar. O mundo literalmente parou! Pessoas ficaram em casa, aviões estacionados, indústrias fecharam.

Nenhum livro acadêmico tinha respostas exatas para esta conjuntura. Como reação, os bancos centrais do mundo inteiro injetaram bilhões de dólares no sistema. Como mensurar naquela hora a quantidade ideal dos estímulos? A opção foi pecar conscientemente pelo excesso, usar o antibiótico mais forte e de maior espectro possível. Tinham que salvar o paciente, e agora lidamos com os efeitos colaterais.

O efeito colateral mais tangível é a inflação. Que hoje é um fenômeno mundial. O preço dos principais insumos à produção aumentou. Faltam também alguns componentes. A China, ao optar por uma política de Covid zero, interrompeu o fluxo de mercadorias e muitas indústrias estão incapacitadas de entregar produtos. Consequentemente, o preço do que está pronto sobe.

O remédio amargo da inflação é o aperto monetário. Imaginem aquela super dieta com restrições alimentares. Cortamos os carboidratos da Economia e tiramos dela o combustível de crescimento ao elevar os juros agressiva e rapidamente. Aquele choque!

Taxas de juros altas inibem o consumo. O crédito fica mais caro. As decisões de compra são postergadas. Uma pisada no freio. Os agentes antecipam este comportamento e revisam todas as perspectivas futuras de lucro das empresas. Ao contrário de uma dieta radical, na qual o paciente perde peso rápido, conter inflação via juros é mais demorado.  Felizmente, aqui no Brasil, ao contrário do resto do mundo, nosso Banco Central começou este movimento antes e já sinaliza que gostaria de interromper a sequência de altas.

Mas, as pressões inflacionárias também são exógenas. Iniciamos 2022 em uma equação complexa, administrando doses profiláticas de juros. A circulação de pessoas voltando a uma regularidade, processo de vacinação sendo bem sucedido, redução do número de internações e óbitos. O prognóstico, ainda que difícil, era favorável.

Então, outro agente patogênico ataca este debilitado organismo em recuperação. A guerra da Ucrânia veio adicionar mais volatilidade a este frágil sistema. A crise humanitária altera a dinâmica. O Ocidente impõe importantes sanções econômicas à Rússia. O preço das commodities, grãos e petróleo é diretamente impactado. O mundo tenta, através de pressões econômicas, dissuadir os anseios imperialistas russos.

O conflito, ainda que regionalizado, se prolonga por mais tempo do que o esperado e seus efeitos ultrapassam as fronteiras dos dois países.

Enquanto isto, a maior economia do planeta está em curso com o seu aperto monetário. O mundo assiste e sente os efeitos deste movimento. O valor do juros americano serve de parâmetro para toda a economia mundial.

A China, importante motor do crescimento mundial, sinaliza alterações na condução da pandemia. Tendo sempre em mente que o país funciona com uma dinâmica própria, aguardamos as flexibilizações que trariam novo fôlego ao paciente. 

Não podemos esquecer que, também em 2022, temos uma eleição no País. Existe grande rejeição a ambos os principais candidatos, por motivos diversos, e uma terceira via fica cada vez menos viável.

As conclusões deste diagnóstico são que teremos inflação e juros mais altos por algum tempo, e o crescimento mundial será menor em 2023. O paciente está estável e precisa permanecer monitorado. Existem, no entanto, oportunidades, outras possibilidades de tratamento, que devem ser discutidas caso a caso.

Nestas situações, ter o acompanhamento de um profissional especializado faz toda a diferença. Venha para a Nobel, aqui nós falamos a sua língua.

Roberta Figueira tem 28 anos de carreira, com passagens por grandes bancos do mercado, como CCF, HSBC, Merril Lynch, UBS e Safra. Tem experiência em Gestão de Operações, Valores Imobiliários, Gestão de Ativos e Fundo de Fundos. É planejadora financeira com certificação internacional CFP®, aderindo assim ao código de ética e conduta da profissão com padrão internacional. Em 2022, conquistou o exclusivo selo de Assessoria Private Wealth Planning pela XP Investimentos.