No dia 14 de maio, o diretor de Marketing da Associação Paulista de Medicina foi entrevistado pelo programa Aqui Comunidade, do Portal Aqui Vale, de São José dos Campos. Entre os temas abordados por David durante a conversa, esteve saúde mental, distúrbios psiquiátricos, medicamentos, tratamento, qualidade de vida, entre outros.
O médico explicou de que maneira os antidepressivos atuam no organismo. “Essas medicações normalmente aumentam a quantidade de determinados neurotransmissores na fenda sináptica, que é um lugar virtual entre os neurônios. Com essa modificação química que a medicação promove, também gera uma mudança no comportamento, no humor e em como a pessoa encara a vida.”
Lima destacou o aumento nos casos de depressão e ansiedade em todas as faixas etárias, mas principalmente em crianças e adolescentes. Para ele, uma das questões mais graves está relacionada ao suicídio, tema sensível e que é preciso ser tratado com muito cuidado.
O especialista aproveitou para relatar como é feito o tratamento de crianças com quadros depressivos. “Ela costuma ser um reflexo do que está acontecendo com a família. Então, a primeira abordagem é entender esse funcionamento familiar. Se for um caso mais grave, eventualmente você avalia se tem que entrar com medicação, mas com criança eu acho que temos que tem um cuidado maior ainda, se for possível uma abordagem mais psicodinâmica, com mudança no estilo de vida e, eventualmente, nos casos mais graves, utilizar o medicamento.”
Cuidados
Para David, é importante que os indivíduos tenham uma visão, no sentido de saber para onde querem chegar e qual é o propósito de vida de cada um deles. O médico também abordou casos de esquizofrenia, quadro que se caracteriza por delírios e alucinações e que acaba sendo mais comum entre os 15 aos 30 anos de idade.
Outro tópico foi a questão do autismo. Segundo o especialista, há muitas situações em que logo no início da vida já se percebem modificações nos pacientes, como, por exemplo, movimentos estereotipados. “O autista tem muita dificuldade na socialização e quando entra em um ambiente que sai um pouco do que ele está acostumado, ele fica mais agitado, porque isso mexe no psiquismo deles.”
Sobre ansiedade, o diretor da APM demonstrou que é algo que ocorre com todos os indivíduos. No entanto, quando ela começa a acontecer de forma frequente, gerando prejuízos funcionais, é um sinal de alerta para procurar por um especialista. “O exercício físico é uma das formas de melhorar muito a ansiedade. Também existem outras abordagens, este é um problema de saúde pública hoje.”
Em relação à depressão, o médico relatou que a pessoa precisa ter, pelo menos, 15 dias seguidos com sintomas de tristeza, desânimo, alterações no padrão do sono e maior irritabilidade para se encaixar no quadro. Para ele, apesar de todos os medicamentos existentes no mercado, algo fundamental é a terapia.
“Ela é um processo em que você está com um profissional competente e é um processo de reflexão, de autoconhecimento. Para a terapia dar certo, depende de três fatores. O primeiro, é o paciente querer fazer terapia; o segundo, é se consultar com um profissional habilitado; e o terceiro, é se dar bem com o seu terapeuta, se sentir acolhido. Fazer terapia não é fácil, mas o terapeuta está ali para você avançar como pessoa”, expôs.
O médico acrescentou. “Eu acho que a melhor conduta é tentar identificar qual é o problema e tentar buscar ajuda para resolvê-lo. Senão, você vai deixando de lado e a situação vai só aumentando, o que torna muito mais difícil de fazer uma abordagem assertiva, já que, muitas vezes, a saúde mental já se deteriorou de uma maneira muito mais intensa. Acho que esse aspecto do enfrentamento, do ‘vamos resolver’, é um caminho muito bom.”
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