A nova edição do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde aborda a morbimortalidade por hipertensão no Brasil entre os anos de 2006 e 2023. A estimativa é de que, mundialmente, a doença seja a causa de aproximadamente 10,4 milhões de mortes e 218 milhões de anos de vida perdidos por incapacidade.
Entre os anos de 2010 e 2023, do total de óbitos documentados no Brasil, 6% deles foram ocasionados por hipertensão, sendo que, destes, 8,9% registrados como antecedentes à doença ou estado mórbido que resultou diretamente no falecimento dos pacientes.
Deste modo, houve um considerável aumento na mortalidade ocasionada por hipertensão durante o período mencionado, passando de 183,5 óbitos a cada 100 mil habitantes em 2010 para 211,5 óbitos a cada 100 mil habitantes em 2023. Durante todo o período de estudo, a mortalidade foi maior para homens em relação às mulheres.
O estudo também demonstra a desigualdade entre raça e cor no número de óbitos, uma vez que a população negra, composta por pretos e pardos, liderou as maiores taxas de mortalidade, alcançando um pico de 278,8 óbitos/100 mil habitantes em 2021 e mantendo taxas superiores ao restante das notificações nacionais.
Em 2023, o Alagoas foi o estado com a maior taxa de mortalidade, acumulando 312,4 óbitos/100 mil habitantes, enquanto o Ceará teve as menores notificações, com 56,1 óbitos/100 mil habitantes. Além disso, também houve aumento da contribuição da hipertensão na mortalidade de quase todos os estados brasileiros, exceto por São Paulo, Minas Gerais, Maranhão e Rio Grande do Norte, que vêm apresentando tendência de queda.
Atendimentos
De acordo com o estudo realizado, entre 2019 e 2023, o Brasil registrou a ocorrência de 190 milhões de atendimentos por hipertensão. Em 2020, apesar de ter sido observada uma redução de 23% neste cenário, o número de casos pode ter sido subnotificado por conta da pandemia de Covid-19, que exigiu esforços redobrados do sistema de Saúde.
Durante o período de análise, todas as regiões do País registraram aumento no número de atendimentos de pacientes hipertensos. O Sudeste foi a região com o maior aumento absoluto, passando de 12.404.185 em 2019 para 24.805.317 em 2023, com elevação de 40,9% de atendimentos de 2022 para 2023. O Sul também se destaca por ter apresentado um aumento exponencial neste sentido, com 2.814.985 atendimentos em 2019 e 11.884.602 em 2023.
No Nordeste, os atendimentos foram de 11.216.114 em 2019 para 18.153.839 em 2023; no Centro-Oeste, as notificações passaram de 1.539.902 em 2019 para 3.862.451 em 2023; e no Norte, enquanto o total de atendimentos em 2019 foi de 1.848.970, em 2023 esse número foi de 3.256.377.
Os dados indicam que, do total de atendimentos, a maior parte deles ocorreu na faixa etária dos 60 aos 69 anos – tanto para pacientes do sexo feminino (27,9% dos casos) quanto do sexo masculino (30% dos casos). Todavia, a prevalência de hipertensão em indivíduos com 18 anos ou mais também tem demonstrado aumento progressivo ao longo do tempo, variando entre 22,6% e 27,9% de 2006 a 2023, sendo mais frequente em mulheres.
Em relação às unidades federativas com mais casos, Recife/PE liderou a lista em 2006, apresentando o maior percentual de hipertensão do Brasil e somando 26,4% das notificações, ao passo que Palmas/TO teve menos notificações, com 16,1%. Em 2023, o Rio de Janeiro/RJ teve as maiores taxas, com 34,4%, e São Luís/MA as menores, totalizando 19,2%.
Sobre a doença
A hipertensão depende de fatores genéticos, ambientais e sociais, ou seja, apesar de uma porcentagem dos casos serem hereditários, eles também estão relacionados a diferentes hábitos de vida, como alimentação, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo. Segundo o documento, a hipertensão é uma das doenças crônicas não transmissíveis mais recorrentes no País, com uma tendência de aumento no número de casos entre a população adulta e residente de capitais nacionais.
Ainda, o estudo também demonstra que os casos de hipertensão são progressivos de acordo com a idade dos pacientes e que, entre as possíveis complicações ocasionadas pela enfermidade, estão sobrecarga do coração, dos vasos sanguíneos e lesões nos rins, provocando outras doenças, como aterosclerose e trombose.
Para combater o avanço da hipertensão no Brasil, o Ministério da Saúde recomenda a adoção de algumas medidas fundamentais, como fortalecimento da Atenção Primária à Saúde, combate às desigualdades regionais e raciais, promoção de hábitos saudáveis e melhoria dos sistemas de informação e ações intersetoriais, estimulando a articulação de políticas públicas entre setores como Saúde, Educação e Assistência Social.