Medicina do Sono: Especialistas debatem a origem e o futuro do CPAP

Em continuidade às lives de aquecimento para o XXI Congresso Paulista de Medicina do Sono, na última quinta-feira, 2 de maio, a pneumologista e médica do sono Erika Treptow e a fisioterapeuta do sono Cristina Frange debateram o tema “CPAP: A origem e o futuro”

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Em continuidade às lives de aquecimento para o XXI Congresso Paulista de Medicina do Sono – que acontecerá nos dias 17 e 18 de maio, no Espaço Villa Blue Tree, em São Paulo -, na última quinta-feira, 2 de maio, a pneumologista e médica do sono Erika Treptow e a fisioterapeuta do sono Cristina Frange debateram o tema “CPAP: A origem e o futuro”.

Ao introduzir a transmissão, Erika explicou sobre os principais distúrbios do sono. De acordo com ela, o principal é a apneia obstrutiva do sono, caracterizada por obstruções da via aérea superior durante o sono e que ocorre repetidas vezes. “Pode ser uma obstrução parcial, que chamamos de hipopneia, ou uma obstrução total, que nós chamamos de apneia”, pontuou.

A palestrante destacou também que os pacientes com a doença possuem diferentes opções de tratamento, porém uma das principais formas é justamente o uso do CPAP.

Em seguida, Cristina Frange salientou sobre o nome e significado da sigla CPAP. Conforme a profissional, a sigla vem do inglês Continuous Positive Airway Pressure (pressão positiva contínua nas vias aéreas), ou seja, é um aparelho que pega o ar do ambiente, pressuriza e encaminha essa pressão para a via aérea, com o objetivo de manter orofaringe e nasofaringe abertas para que não ocorram obstruções totais ou parciais.

Origem

Erika Treptow afirmou que as técnicas de tratamento com CPAP são relativamente recentes, quando pensadas em termos de Medicina do Sono e apneia obstrutiva do sono. “Ele foi descoberto através dos estudos de um médico australiano, doutor Colin Sullivan que, em sua formação, fez Pneumologia e Fisiologia; depois passou um tempo no Canadá estudando justamente a respiração de cachorros, porque sabemos que certos tipos de cachorros têm dificuldade de respiração.”

Na live, foi pontuado que assim que Sullivan chegou ao Canadá, existia um distúrbio chamado apneia obstrutiva do sono, no qual as pessoas tinham uma dificuldade enorme de ventilação quando dormiam. Na época, o tratamento disponível era a traqueostomia; no entanto, um dos pacientes do médico confessou não querer fazer o procedimento novamente. Com isso, Colin o convidou para um experimento que poderia ajudar com a apneia.

“Sullivan achava que naquela noite o tratamento iria durar apenas algumas horas, mas quando ele aumentava a pressão de ar, conseguia fazer o mecanismo ligar e desligar a apneia obstrutiva do paciente. No outro dia, quando o paciente acordou, ele disse que foi uma das melhores noites que havia dormido nos últimos tempos. Era difícil fazer a comunidade científica acreditar no poder do CPAP. No início, os próprios pacientes passaram a ajudar a fabricar os aparelhos e as máscaras, que eram pouco confortáveis”, contou a especialista.

Evolução

Conforme Cristina Frange, há poucos anos o campo de estudo da Medicina do Sono vem sendo explorado, mas apesar do pouco tempo, a área tem crescido e evoluído. “Até o momento, a apneia do sono desenvolveu-se muito, tornando-se uma doença e não mais uma síndrome, e os aparelhos foram aprimorados: máscaras diferentes, sempre buscando o maior conforto do paciente, testes com inúmeros tipos de materiais. Os aparelhos, além de tecnologias diferentes, são quase que extremamente silenciosos, muito suaves’’, articulou.

Segundo ela, atualmente existem múltiplas tecnologias de conforto para auxiliar o paciente na adesão do CPAP, o que é chamado de tecnologia de conforto. Este aprimoramento traz a ideia de fazer com que o aparelho, o circuito e a máscara sejam confortáveis, para que o paciente consiga dormir durante todo o período de sono com o equipamento, evitando assim que o indivíduo tenha eventos residuais de apneia e hipopneia.

Em relação ao melhor aparelho e tipo de máscara, Cristina disse que entre o diagnóstico e o início do tratamento, seria ideal que o paciente passasse por uma consulta com um terapeuta especializado em sono, visto que, diante da grande quantidade de equipamentos oferecidos no mercado, somente um profissional indicará a melhor opção.

“Em termos de futuro, acredito que a tecnologia modificará o tratamento com CPAP quase que totalmente. Continuaremos com uma interface positiva, algo que precise entrar na rota nasal, mas acredito que esses aparelhos ficarão cada vez menores e mais silenciosos. Temos um longo caminho a percorrer, mas eu vejo que no futuro teremos aquele equipamento pequeno que será colocado para pressurizar uma via aérea”, concluiu.

Foto: Reprodução do evento