CQH: Assembleia dos hospitais debate economia na dispensação de antibióticos

Na manhã do dia 28 de outubro, o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar - da Associação Paulista de Medicina – debateu o tema “Economia na Dispensação de Antibióticos", em Assembleia dos Hospitais Participantes.

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Na manhã do dia 28 de outubro, o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar – da Associação Paulista de Medicina – debateu o tema “Economia na Dispensação de Antibióticos”, em Assembleia dos Hospitais Participantes.

O evento, moderado por Nancy Val y Val Peres da Mota, médica especialista em Administração de Serviços de Saúde e membro da Governança do Programa CQH, contou com palestra de Aleia Campos, especialista em Infectologia pela USP e médica assistente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do ICHC/FMUSP.

“É um prazer estar coordenando mais um evento do CQH. A Assembleia é um momento em que os hospitais se encontram e trocam figurinhas, é uma oportunidade de aprender e compartilhar novos conhecimentos”, disse a moderadora.

Uso racional de antimicrobianos
Ao iniciar sua palestra, Aleia explicou que o programa do uso racional de antimicrobianos (ATM) ocorre a partir do conjunto de ações coordenadas e destinadas a orientar a prescrição, a dispensação e a administração dos antimicrobianos. Com a adoção de protocolos e prevenção, diagnóstico e tratamento das infecções, educação dos profissionais de Saúde e pacientes e de monitoramento do uso de antimicrobianos, o programa assegura resultados terapêuticos com o mínimo de risco potencial. “Essas ações garantem o uso apropriado de ATM, previnem e reduzem a disseminação de resistência bacteriana, além de reduzir custos.”

Sobre a elaboração do programa de gerenciamento do uso de antimicrobianos em serviços de Saúde, a especialista ressaltou que na formação de uma equipe multidisciplinar, é necessário definir as responsabilidades. Entre elas, estão: médicos especialistas na área clínica ou de infectologia, farmácia clínica, laboratório, enfermeiros e serviços de informática, que irão desenvolver funções para integração com prontuário eletrônico, desenvolvimento de protocolos, ajustes de doses e recomendações de uso, liberação de resultados e perfil de sensibilidade, além de revisão de medicamentos e discussões.

“O importante é que a comunicação aconteça de forma rápida entre os integrantes e que a informação chegue ao médico prescritor, na tentativa de adequar, melhorar e reduzir a prescrição de antimicrobianos”, destacou a infectologista.

Na questão estratégica, da adesão aos protocolos clínicos, o principal objetivo é a padronização das condutas: indicação, dose correta e uso em populações especiais. “O programa tem inúmeras fontes e ações de focos de tratamentos, para que seja realizado da forma mais adequada para o paciente”, disse.

Outra estratégia importante citada por Aleia é a autoria de prescrição, que representa os pilares de qualquer programa de uso racional de antimicrobiano, baseados na criação de formulário de solicitação do ATM (impresso ou eletrônico). “A prescrição precisa conter justificativa, dose, duração e coleta de dados para indicadores de consumo ATM. Não é necessário instituir auditorias de todos os antimicrobianos, podendo selecionar apenas os mais utilizados.”

A especialista ainda explica que métricas de consumo refletem um agregado ou quantidade média de ATM, expressos em gramas ou em dias de utilização, que estão sendo utilizados por paciente de um serviço ou de uma equipe do hospital. Por fim, a palestrante apresentou dois artigos que trazem a importância dos programas no contexto de redução de custos. “É importante ressaltar que a melhoria e utilização dos antibióticos vai impactar o consumo e gastos nas instituições.”

Desta forma, os estudos apontam que as principais estratégias de sucesso a serem implementadas no programa estão diretamente ligadas ao desenvolvimento de protocolos de tratamento, baseados na suscetibilidade local, guias internacionais, aulas e treinamentos entre equipes e auditoria de pós-prescrição com feedback.

“As estratégias de educação para adesão dos protocolos clínicos institucionais são pedras angulares no programa e as ferramentas educacionais trazem um valor maior, pois facilitam outras medidas de processo e resultados. O ideal é que o hospital defina o que é mais interessante para a instituição, com foco e clareza. Com relação aos desfechos econômicos, é essencial medir consumo e custo para a alta gestão. A permanência do programa também precisa ser de custo efetivo, pois, de certa forma, garante a sustentabilidade”, concluiu.

Debate
Questionada sobre a existência de conformidades em relação a dose e peso do paciente, Aleia respondeu que sim, mas a prática não é frequentemente usada nos hospitais. “Usamos dados relacionados ao antibiótico vancomicina, medidos por dose e tempo dependente. Uma vez que usamos este medicamento, é preciso fazer a dosagem sérica ao longo do tratamento, existem várias ações que vão definir os resultados do programa.

Dando sua opinião sobre quem deve ser o líder, a especialista respondeu que todas as ações precisam ser realizadas em equipe. “Na minha opinião, apesar de ser um time, o líder pode ser um médico da CCIH ou um infectologista. Da CCIH já tem a cultura e conhecimento em parceria com microbiologistas no contexto do perfil de resistência. Mas, se na sua instituição tem um profissional especialista em perfil de resistência, sensibilidade, ou que mais tenha disponibilidade de tempo para acompanhar todo o processo, não há problema em colocá-lo como líder. Não é perda de poder, e sim contribuição entre equipes.”

Fazendo o encerramento do evento, Milton Osaki, coordenador do Programa CQH, agradeceu aos hospitais presentes e parabenizou a especialista pela palestra. “Agradeço a palestrante por compartilhar esse tema tão importante e, sobretudo, trazer estudos de dados. Além daquilo que é teoria, você nos trouxe sua experiência, isso é essencial para um programa como o CQH”, finalizou.