Vacina desenvolvida no Brasil começa a ser testada

Com mais de mil inscritos para participarem dos ensaios clínicos, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, começou a aplicar nesta sexta-feira a primeira vacina contra covid-19 desenvolvida com tecnologias e insumos totalmente brasileiros e financiada por instituições nacionais

O que diz a mídia

Com mais de mil inscritos para participarem dos ensaios clínicos, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, começou a aplicar nesta sexta-feira a primeira vacina contra covid-19 desenvolvida com tecnologias e insumos totalmente brasileiros e financiada por instituições nacionais. O imunizante ainda está em fase de testes.
Com o nome de SpiN-Tec MCTI UFMG, a vacina foi produzida no Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da UFMG em parceria com a Fiocruz Minas. Com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para testes clínicos, a procura por voluntários se deu logo após aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), grupo que avalia a ética nos protocolos de pesquisa com humanos. O CTVacinas recebeu em menos de dez dias mais de mil pessoas inscritas como voluntárias para a triagem.
Os ensaios pré-clínicos, realizados em laboratório e em animais, confirmaram a eficácia do imunizante e tiveram seus resultados publicados em agosto pela revista Nature. Agora são necessários novos testes para confirmar a segurança e a eficácia do produto na aplicação em humanos.
Os pesquisadores acreditam que a SpiN-Tec tem potencial para ser mais efetiva contra as variantes do Sars-CoV-2 que as outras vacinas já utilizadas no Brasil. Isso se deve ao mecanismo de ação da nova vacina.
Diferentemente das vacinas anticovid que estão sendo usadas e geram respostas de anticorpos neutralizantes, a SpiNTec tem como precedente induzir resposta dos linfócitosT. Segundo os cientistas envolvidos no projeto, o candidato a imunizante gera resposta contra várias partes da molécula do vírus, e não apenas contra um de seus segmentos, como ocorre com as vacinas atuais. Além da dupla proteína do vírus utilizada no antígeno, o imunizante também tem alta estabilidade, o que possibilita que seja mantido a 4 °C, como outras vacinas, e facilita a distribuição para lugares longínquos.
DESENVOLVIMENTO. Os testes serão realizados em três fases sob a coordenação do professor Helton Santiago, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG e liderança do professor Jorge Andrade Pinto, da Faculdade de Medicina da UFMG. A primeira, foi iniciada nesta sexta-feira com 72 voluntários, e a segunda contará com 360 voluntários.
No modelo que será utilizado, duplo-cego, parte dos voluntários integra um grupocontrole, que receberá a vacina da AstraZeneca e a outra parte receberá a vacina SpiNTec.
Os voluntários serão acompanhados pelos pesquisadores por um ano, e após a conclusão das duas fases iniciais, relatórios do estudos serão enviados para a Anvisa, que ficará a cargo de autorizar a terceira e última fase da pesquisa que terá de 4 mil a 5 mil pessoas do Brasil todo.

Fonte: Stephanie Araújo / O Estado de S. Paulo