Primeiro webinar do ano debate prevenção e tratamento do Alzheimer

Na última quarta-feira, 8 de março, a Associação Paulista de Medicina realizou o primeiro webinar de 2023, com o tema “Novas fronteiras na prevenção e tratamento do Alzheimer”. Mediado pelo professor Titular de Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Wilson Jacob, teve apresentações dos professores Orestes Forlenza, do Departamento de Psiquiatria da FMUSP, e Julio Moriguti, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, dos setores de Clínica Médica e Geriatria

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Na última quarta-feira, 8 de março, a Associação Paulista de Medicina realizou o primeiro webinar de 2023, com o tema “Novas fronteiras na prevenção e tratamento do Alzheimer”. Mediado pelo professor Titular de Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Wilson Jacob, teve apresentações dos professores Orestes Forlenza, do Departamento de Psiquiatria da FMUSP, e Julio Moriguti, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, dos setores de Clínica Médica e Geriatria. O presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral, deu as boas-vindas e agradeceu os participantes: “Um privilégio para nós participarmos com vocês deste webinar”.

A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas idosas. A causa é desconhecida, mas acredita-se que seja geneticamente determinada. A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado. Surgem, então, fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles. Ocorre, então, perda progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro, como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem e o raciocínio, memória, reconhecimento de estímulos sensoriais e pensamento abstrato.

Prevenção

Em sua apresentação, Orestes Forlenza explicou sobre a contribuição dos biomarcadores no diagnóstico precoce do Alzheimer. De acordo com ele, refletem aspectos centrais da doença, podendo ser marcadores de estado que favorecem o diagnóstico e predição de desfechos, ou marcadores de estágio evolutivo que se modificam ao longo do período patológico e denotam alterações biológicas críticas, subjacentes à progressão da doença e/ou resposta terapêutica.

“Os biomarcadores permitiram a mudança do construto predominantemente patológico para o biológico da Doença de Alzheimer. Ou seja, aquilo que não era possível ver na lâmina de patologia passou a ser visto em laboratório de análises clínicas por métodos de imagens. Como subsídio ao diagnóstico, existem marcadores moleculares, indicadores do processo patogênico e os marcadores downstream, que refletem as consequênciasdesse processo”, complementou.

Principais biomarcadores da Doença de Alzheimer

  • Acúmulo de beta-amiloide (core)
  • Neurodegeneração (downstream)
  • Alterações bioquímicas/Degenerativas associadas

Biomarcadores liquóricos

  • Peptídeo B – amiloide: amiloidogênese cerebral
  • Tau total: marcador de dano axonal
  • Fosfo-Tau: hiperfosforilação da proteína Tau

Segundo Forlenza, na prática clínica, é possível de certa forma captar elementos que refletem a presença dessas patologias subjacentes. “Tem uma utilidade inequívoca para fins de diagnóstico diferencial e predição de demência. Boa segurança e tolerabilidade – eventos adversos são frequentes, mas, em geral, pouco relevantes do ponto de vista clínico”, acrescentou.

Tratamento

Por que até hoje não temos uma droga eficaz para o tratamento da demência da doença de Alzheimer? Julio Moriguti apresentou algumas considerações importantes para auxiliar na resposta: início tardio das medicações; baseado na fisiopatologia, o tratamento deveria ser com múltiplas drogas; dúvidas sobre a importância da teoria amiloide; dificuldades para fazer o diagnóstico pré-clínico; Medicina de precisão; e terapia celular (células tronco) – formar novos neurônios.

De acordo com ele, algumas pesquisas clínicas com células-tronco estão em andamento e, no futuro, pode ser que tenhamos resultados interessantes para a Doença de Alzheimer. “Existem vários estudos sendo feitos e a gente pode ter esperança quanto à evolução no que diz respeito ao tratamento. Agradeço a oportunidade de poder falar deste tema tão importante”, explicou.

O diretor Científico da APM, Paulo Pêgo Fernandes, elogiou as apresentações e disse ter aprendido muito. “Não sou especialista neste assunto, mas me atraiu a ideia do diagnóstico precoce. A gente está em uma fronteira do ponto de vista de genoma e isso vai abrindo várias janelas. O trabalho oncológico, por exemplo, é uma das áreas mais avançadas com a marcação genética de tumores. Em transplantes, área que atuo bastante, estamos na fronteira disso, de compatibilizar melhor os doadores e receptores. Acredito em uma grande reviravolta, na revolução da Medicina como um todo nos próximos anos, quem sabe até a próxima década. Agradeço muito cada um dos senhores por terem aceito o nosso convite e preparado essa brilhante palestra para o nosso webinar”, afirmou.

Por fim, o presidente da APM reiterou os agradecimentos aos convidados e parabenizou o diretor Científico pela escolha do tema do primeiro webinar do ano. “Apresentação absolutamente fantástica. Certamente, esse conteúdo será objeto de muita consulta e discussão. Agradeço todos vocês que colaboraram com esse assunto extremamente relevante”, finalizou Amaral.

Fotos: Reprodução Webinar APM