Câncer de cólon e reto exige atitude

Em poucos meses, o câncer colorretal derruba mais um, agora o grande chargista Paulo Caruso, na sequência do infortúnio de Pelé e Roberto Dinamite, ambos pela mesma doença

O que diz a mídia

Em poucos meses, o câncer colorretal derruba mais um, agora o grande chargista Paulo Caruso, na sequência do infortúnio de Pelé e Roberto Dinamite, ambos pela mesma doença. Mas não foram só eles. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, em 2023 ocorrerão cerca de 44 mil casos novos e mais de 20 mil óbitos por essa doença. O alarmante é que o número de novos pacientes vem crescendo ano a ano.

A pergunta básica, que tem que ser continuamente repetida: dá para prevenir esse câncer? A resposta, que tem que ser continuamente difundida é: sim! Diria que tudo começa pela motivação: na vida, temos que entender que existem doenças, benignas e malignas, que podem ser evitadas ou, então, ter seu aparecimento e desenvolvimento amenizados. A etapa seguinte é se engajar em algum programa de prevenção ou diagnóstico precoce. No caso do câncer colorretal, felizmente existem programas de prevenção bastante eficazes para prevenir seu aparecimento.

Existem dois tipos de prevenção para este tipo de tumor, a chamada prevenção primária, que deve ser praticada preferencialmente desde a infância, e se relaciona com hábitos de vida (fugir do sedentarismo), alimentares (favorecer dietas ricas em fibras vegetais e pobres em gorduras animais e alimentos ultraprocessados), além de obesidade e tabagismo, dentre outros. Já a chamada prevenção secundária é aquela relacionada com a realização de exames periódicos, na dependência da idade da pessoa e de seus antecedentes pessoais e familiares.

Aqui seguem alguns dados que permitem entender a construção de programas de prevenção secundária. Inicialmente, é preciso saber que ao redor de 75% de todos os casos novos encaixam-se na categoria dos tumores esporádicos, ou seja, não têm conotação de transmissão hereditária e, na grande maioria das vezes, aparecem em pessoas com mais de 45 anos de idade. Já em cerca de 25% das pessoas, identifica-se ou suspeita-se de algum fator genético relacionado com transmissão familiar ou, então, a presença de doenças predisponentes, em especial as inflamatórias intestinais.

De uma maneira geral, o câncer colorretal desenvolve-se a partir de pequenas formações denominadas pólipos que, ao longo do tempo, podem sofrer transformações e se malignizar. Assim, a lógica dos programas de prevenção secundária do câncer colorretal baseia-se na identificação de fatores individuais de risco (idade, história pessoal ou familiar) e, a partir dessas informações, define-se o que fazer. Essencialmente, para quem não tem fatores específicos de risco, indica-se a colonoscopia a partir dos 45 anos de idade; caso nada se encontre, recomenda-se colonoscopias subsequentes a cada cinco a dez anos. A periodicidade desse exame pode ser modificada caso sejam encontrados e retirados adenomas, algo que é possível na quase totalidade das vezes. Já para grupos específicos, a programação das colonoscopias depende dos fatores de risco envolvidos. Existem outros programas que incluem a pesquisa de sangue oculto nas fezes em caráter anual ou bienal, com colonoscopias periódicas associadas, mas com aderência questionável.

A grande notícia: dados consistentes de literatura comprovam que participantes de programas de prevenção de câncer colorretal têm um risco 60 a 70% menor de morrer por esse tumor quando comparados com grupos populacionais que não fazem exames de prevenção. Assim, para seu próprio bem, se você se encaixa em alguma das categorias acima mencionadas, não tape o sol com a peneira e engaje-se em algum programa de prevenção. Aliás, março é o mês da prevenção do câncer colorretal e campanhas de conscientização são deflagradas em todo o mundo. Motive-se!

Fonte: O Globo/Raul Cutait