Como os médicos devem planejar suas finanças

CONFORME OS ANOS VÃO SE PASSANDO, VÁRIOS ASPECTOS DAS NOSSAS VIDAS AMADURECEM. NOSSO PALADAR SE ABRE PARA UMA GAMA MAIS SOFISTICADA DE SABORES E OS QUADRINHOS QUE LÍAMOS NA INFÂNCIA DÃO ESPAÇO PARA OS CLÁSSICOS DA LITERATURA. SOMENTE O BOLSO NÃO AMADURECE NA MESMA VELOCIDADE

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Quando o assunto é dinheiro, mantemos alguns comportamentos infantis: evitamos falar de morte ou da possibilidade de ficarmos inválidos. Achamos chato falar dos planos para os próximos 5, 10 ou 30 anos. E, certamente, aposentadoria e envelhecimento não são assuntos tratados em uma roda de jovens médicos. Mas, cedo ou tarde, todos vamos passar por essas situações e, na pior das hipóteses, vamos ter que falar sobre esses assuntos quando for tarde demais.

Infelizmente, os brasileiros são culturalmente conhecidos por pensar no agora. Pesquisas comprovam que a população é imediatista e não se prepara para o futuro. Sete em cada dez brasileiros não costumam economizar e pensam “O futuro a Deus pertence”.

Somos afetados pelo que a neurociência chama de viés otimista. Ou seja, uma tendência a ser positivo e esperançoso. Esse viés nos faz acreditar que nosso futuro será melhor do que o passado e que somos mais sortudos do que os outros. Por causa dessa influência, tendemos a ser excessivamente confiantes sobre o futuro, superestimar a probabilidade de eventos positivos e subestimar a probabilidade de eventos negativos. E isso é perigoso para nossas finanças, principalmente para os médicos, que na sua maioria trabalham como profissionais liberais.

A única coisa que sabemos sobre imprevistos é que eles acontecem em algum momento. Além disso, o otimismo exagerado em relação ao futuro pode prejudicar os planos para a aposentadoria, já que nos faz poupar menos (ou nada) e confiar excessivamente em determinadas suposições. Isso inclui achar que nossas despesas permanecerão no mesmo padrão do presente e que o valor recebido da previdência oficial será suficiente para cobri-las.

Por isso, há providências que qualquer um pode tomar para se proteger de eventos inesperados, bastando que vença o excesso de otimismo e se conscientize de que problemas podem acontecer a qualquer momento e a qualquer pessoa – incluindo nós mesmos.

Forme uma reserva financeira

Nesse sentido, uma das principais ações a pôr em prática é formar uma reserva de emergência para usar em caso de um evento urgente e inesperado. Isso é feito separando um valor por mês em uma aplicação de baixo risco e alta liquidez, pois já que ela serve para cobrir riscos, tem que estar mais protegida do que qualquer outra quantia e, como é destinada a emergências, deve estar disponível a qualquer momento. O tamanho da reserva varia para cada pessoa, mas geralmente se recomenda guardar entre 6 e 12 vezes o valor das despesas mensais.

Contrate seguros

A outra atitude é a contratação de seguros. É preciso verificar as coisas e pessoas que mais precisam de nossa proteção. Por exemplo, se há pessoas que dependam de nossa renda, o seguro de vida e invalidez deve vir em primeiro lugar; se utilizamos muito o automóvel e não temos condições de comprar outro em caso de acidente/roubo, protegê-lo pode ser de grande importância. Se acabamos de montar um consultório novo, é preciso pensar em seguros que protejam o imóvel de um incêndio, por exemplo. Tendo identificado nossas prioridades, temos que decidir um valor a ser contratado que seja suficiente para repor os bens ou cobrir as despesas, levando em conta nossa capacidade de pagamento.

Planeje a aposentadoria

Não subestime seus gastos na aposentadoria. Algumas despesas tendem a diminuir, mas muitas podem aumentar, como o custo com saúde. Para manter o mesmo padrão de vida atual no futuro, é preciso investir corretamente no presente. Diversos simuladores, como o Target (www.icatuweb.com.br/target) podem ajudá-lo a calcular o valor que você precisa poupar mensamente.

HUMBERTO SARDENBERG é superintendente de Marketing da Icatu Seguros

Artigo publicado na Revista da APM – edição 686 – março 2017