Conforme nos aponta a última edição da Demografia Médica do Brasil, tínhamos cerca de 250 mil generalistas no fim de 2024, o que representava mais de 40% do total de médicos em atividade no País. No estado de São Paulo, são 35% dos mais de 170 mil profissionais, ou seja, 60 mil médicos generalistas.
Defendemos a residência médica como padrão ouro de formação, e desejamos chegar ao nível dos países desenvolvidos, que têm mais de 90% dos médicos sendo especialistas. Para isso, seria preciso reduzir o número de médicos formados por ano – o que já entendemos ser uma batalha perdida – ou aumentar a quantidade de programas e de vagas de residência médica, o que entretanto deve ser feito de forma ordenada, para se manter a qualidade.
Sabemos também que, na realidade atual de muitos egressos de cursos privados (e caros!) de Medicina, boa parte opta por não seguir para a residência médica – em média de 60 horas semanais, entre dois e cinco anos, cuja bolsa gira em torno de R$ 4 mil/ mês –, já que acumulam dívidas de financiamento estudantil e de empréstimos bancários e precisam ganhar dinheiro rapidamente, o que costuma ocorrer por meio de plantões em prontos-socorros, UPAs e trabalhos em UBSs.
Por conta disso, a imensa maioria dos generalistas encontra-se hoje na linha de frente da Saúde brasileira, muitos deles formados sem a qualidade ideal, tendo que cuidar dos mais variados tipos de emergências, como acidentes, infartos etc.
Sendo os pilares da Associação Médica Brasileira e da Associação Paulista de Medicina a boa formação médica e a qualidade da assistência à população, a AMB lançou, em 2021, o Programa de Educação para o Médico Generalista do Brasil (Progeb), e em 2022, o Congresso de Medicina Geral, que já teve três edições de sucesso.
Da mesma forma, visando melhorar a formação e oferecer suporte aos médicos generalistas, capacitando-os na abordagem inicial e no encaminhamento adequado de situações clínicas que envolvem conhecimentos específicos em diversas áreas da Medicina, a APM lançou neste ano o Programa de Educação para o Médico Generalista do Estado de São Paulo (Progesp). O generalista não pode e não deve ser penalizado – pelo contrário, precisa ser orientado da melhor forma possível, papel que cabe ao associativismo, por meio da APM, da AMB e demais Federadas e das sociedades de especialidades. Temos consciência de que ainda há muito a ser feito, mas estamos prontos para servir em mais esta empreitada em nome da qualificação da Medicina, afinal, os pacientes merecem ter o melhor atendimento possível, em todos os níveis.
Publicado na edição 751 (Julho/Agosto de 2025) da Revista da APM