Paralisia facial: conheça as causas e os tratamentos

Era um sábado como outro qualquer quando a cabeleireira e comunicadora Denise Santos, de 41 anos, percebeu seu reflexo torto no espelho. “Eu senti a língua um pouco estranha, a boca dormente, e quando fui escovar os dentes achei minha boca torta.

O que diz a mídia

Era um sábado como outro qualquer quando a cabeleireira e comunicadora Denise Santos, de 41 anos, percebeu seu reflexo torto no espelho. “Eu senti a língua um pouco estranha, a boca dormente, e quando fui escovar os dentes achei minha boca torta.

De repente não conseguia piscar os dois olhos; só um lado obedecia”, relata ela. “Corri para o hospital achando que estava tendo um AVC (Acidente Vascular Cerebral).” Há três meses Denise foi diagnosticada com paralisia facial periférica, conhecida como paralisia de Bell, e hoje lida com o tratamento para corrigir a assimetria do sorriso e do piscar.

Apesar de não ser muito conhecida, a condição afeta cerca de 40 mil pessoas por ano no Brasil, mas é possível haver reversão na maioria dos casos. Ela ocorre por causa de uma inflamação no nervo facial que controla a contração da musculatura do rosto.

“Todo nervo funciona como uma espécie de fio elétrico, onde ele tem um axônio, que conduz esse fio elétrico, e uma capa, que é a chamada bainha de mielina”, explica Rodrigo Meirelles Massaud, neurologista e coordenador médico do Programa Integrado de Neurologia do Hospital Israelita Albert Einstein. “Toda agressão a esse nervo leva a uma disfunção que faz com que ele pare de conduzir o impulso elétrico e, consequentemente, sua função de contrair a musculatura da face.” Enquanto a paralisia periférica atinge o andar superior e inferior da face, a central atinge somente do nariz para baixo.
“Geralmente, a central paralisa outras regiões do corpo. Chamase central porque ela acomete o cérebro, e não o nervo periférico”, esclarece Rodrigo.

Dessa forma, apesar de somente afetar visivelmente a boca (a paralisia de Bell afeta testa, olhos e boca), o tipo central é o que pode ser relacionado a um derrame. No entanto, outros sintomas estarão associados com um AVC, como a dormência de membros, dificuldade na visão e confusão mental.

CAUSAS.

“As inflamações do nervo facial podem estar relacionadas a diversas causas, principalmente virais. A mais conhecida tem a ver com o vírus da herpes simples. Ele pode levar a alterações do nervo e causar paralisia facial periférica, muitas vezes sem sinal da infecção na pele”, conta o médico, acrescentando que outras viroses também podem causa paralisia.

Estudos indicam que outros vírus, como o da herpes-zoster, que causa a catapora, do citomegalovírus (herpes) e o vírus EpsteinBarr, que causa a mononucleose, também podem estar relacionados à doença. Mas o estresse e a fadiga podem influenciar a imunidade e facilitar eventuais infecções virais – como ocorreu com Denise. “No fim do ano passado, eu comecei o meu projeto de podcast, isso além de todo o estresse e medo gerados pela pandemia. A minha imunidade caiu e na primeira semana que tirei folga, apareceram os sintomas”, conta.

De acordo com o neurologista, do ponto de vista cientifico não há como prevenir a condição.
“Mas aquele clássico recado dos nossos avós: evitar estresse, dormir bem e comer bem pode ajudar.”

PROCESSO

Comer, sugar, falar e dormir pode ser uma batalha durante a doença. Isso porque além da dor física – especialmente no pescoço e na região paralisada – o olho afetado não fecha de maneira intuitiva. “É importante pingar colírios lubrificantes que evitam o ressecamento”, alerta Rodrigo.

Ele recomenda ainda fechar a pálpebra com micropore, para evitar que o olho fique aberto durante o sono. Lavar o rosto com algodão e usar óculos escuros são outros cuidados necessários.

O tratamento inclui procedimentos com laser (que ajudam a reinervação e ativam a circulação), acupuntura, fisioterapia e medicamentos com corticoides e antivirais, que ajudam na redução da inflamação e na capacidade de o vírus se replicar. Mas o lado emocional também é importante.

Denise percebeu como a condição afetou a sua autoestima, mas, depois de um mês, ela foi aceitando a ideia e até passou a falar sobre em seu podcast Nostalgicast. “Posso ter sequelas ou não, mas tenho de seguir minha vida. E as pessoas vão ter de encarar meu rosto tortinho”, brinca.

Fonte: O Estado de S.Paulo