Entre os dias 8 e 11 de outubro, a cidade do Porto, em Portugal, foi palco da 76ª Assembleia Geral da World Medical Association (WMA). Organizado pela Associação Médica Portuguesa, o evento reuniu médicos e lideranças da Saúde de diversos países para discutir os desafios contemporâneos da profissão, incluindo o impacto da inteligência artificial, políticas públicas de Saúde e questões éticas.
O presidente da Associação Paulista de Medicina, Antonio José Gonçalves, foi um dos presentes ao evento. A Associação Médica Brasileira foi representada pelo seu presidente, César Eduardo Fernandes, pelo diretor de Relações Internacionais, Carlos Serrano, e pelo delegado do Brasil, José Luiz Gomes do Amaral – que também é ex-presidente da APM, da AMB e da WMA.
Conforme descreveu Gonçalves, representantes de 130 países participaram dos quatro dias de atividade bastante intensa. “É uma Assembleia diferente dos Congressos que a gente está acostumado a frequentar. São temas bem gerais, sobre a importância das vacinas, as guerras em Gaza e na Ucrânia, questões climáticas etc. Existem comissões que trabalham previamente esses assuntos e levam documentos para serem aprovados. Houve também uma aula sobre inteligência artificial.”


De acordo com o presidente da APM, houve contato com uma série de países, particularmente com Portugal, que colocou a possibilidade de se fazer um convênio com algumas faculdades de Medicina brasileiras, que seriam selecionadas com a ajuda das entidades médicas, para a revalidação automática de diplomas, uma vez que lá só existem nove faculdades de Medicina e eles estão com dificuldade em algumas especialidades, como a obstetrícia.
“Algumas resoluções foram discutidas a partir de pontos de vista diferentes, uma vez que a realidade de alguns países da África, por exemplo, é diferente da tendência mundial de envelhecimento da população, especialmente do Japão. Por isso a importância da participação de muitos países, com realidades distintas. Essa é a grande importância da Associação Médica Mundial, abranger essa pluralidade”, complementou Antonio José Gonçalves.
Ele ainda destacou um evento que a WMA está planejando realizar no Rio de Janeiro, em abril de 2027, e que a APM foi abordada pela Secretaria da Associação Mundial para sediar uma revisão da Declaração de Taipei, que estabelece os princípios éticos para o uso de bancos de dados e biobancos de Saúde para fins de pesquisa.
“Nós estamos tendo uma participação muito mais ativa agora com a WMA. E temos que participar dessas Comissões que elaboram esses pareceres, temos gente muito competente no Brasil. Podemos e queremos efetivamente participar dessas atividades que são muito importantes para o movimento médico mundial”, enalteceu o presidente da APM.

“Essa 76ª Assembleia da WMA é um espaço essencial para o fortalecimento da Medicina global, pois promove o diálogo ético, científico e humano entre as nações. Esta edição, em especial, reafirma o compromisso da classe médica com a construção de políticas de Saúde mais justas, inclusivas e sustentáveis para todos os povos e vai ao encontro da missão da AMB”, afirmou Fernandes.
Além dos debates, houve a posse da nova liderança da WMA. A médica queniana Jacqueline Kitulu assumiu a presidência para o mandato 2025-2026, tornando-se uma figura emblemática pela sua trajetória. Primeira mulher a presidir a Associação Médica do Quênia em seus 50 anos de história, ela tem atuação destacada em instituições como o Hospital Kampala, NHIF e o painel de saúde da Safaricom. Em seu discurso de posse, comprometeu-se a fortalecer a cooperação global, reduzir disparidades no acesso à Saúde e investir na formação de novas gerações de médicos.


Além de participar dos debates e votações da Assembleia Geral, o presidente da AMB também reforçou a atuação histórica da entidade nas discussões internacionais promovidas pela WMA: “O Brasil tem voz ativa no cenário médico global. A AMB atua não apenas em defesa dos médicos brasileiros, mas como parceira no fortalecimento da Medicina baseada na ciência, na ética e no compromisso com a dignidade humana“, reforçou.
Fotos: AMB e WMA