A Associação Paulista de Medicina organizou e sediou o Simpósio de Medicina Aeroespacial – Interface entre a Medicina Aeroespacial e Especialidades Médicas, evento da Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial (SBMA) que aconteceu nos dias 7 e 8 de novembro. O Simpósio foi destinado a profissionais da Saúde, aviação e áreas correlatas que atuam ou têm interesse nas práticas, pesquisas e protocolos relacionados à Medicina aplicada ao transporte aéreo.
A cerimônia de abertura do evento foi moderada pelo diretor Científico da SBMA, Capitão Médico Gustavo Messias Costa. A mesa solene contou com a presença de diversas autoridades, incluindo Rosirene Pantaleão Gessinger, presidente da SBMA; Francisco Cortes Fernandes, presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho; Noberto Machado, representante de Domingos Sávio Matos, conselheiro do Conselho Federal de Medicina pelo estado de Roraima; Matheus Vidal Alves Silva, coordenador de certificação médica da Agência Nacional de Aviação Civil e representante do presidente da ANAC, Thiago Chagas Faierstein; e Major Brigadeiro Reginaldo Pontirolli, comandante do Quarto Comando Aéreo Regional (IV COMAR).


Rosirene expressou ser uma imensa satisfação a realização deste primeiro Simpósio, que reuniu representantes das 13 especialidades médicas em que a Medicina Aeroespacial é reconhecida como área de atuação, além de profissionais da aviação civil e militar. O objetivo principal era discutir casos clínicos e situações reais que envolvem a Saúde em um ambiente de voo.
“O voo é hoje amplamente utilizado, mas nem todos conhecem as particularidades do ambiente de cabine de uma aeronave, que é muito diferente dos outros meios de transporte. Trata-se de um ambiente hostil, mas geralmente bem tolerado pela maioria das pessoas. Podendo representar um grande desafio para passageiros enfermos ou em condições clínicas específicas ou até desconhecidas”, destacou a presidente da SBMA.
Ela ressaltou que o momento atual é de grande avanço na aviação espacial, com o Projeto Artemis e o retorno à Lua, além dos projetos voltados à futura colonização de Marte. E explicou que o diferencial do médico e das equipes de Saúde com conhecimento nessa área está na capacidade de avaliar e orientar seus pacientes considerando os efeitos do ambiente de voo. “Esse conhecimento é essencial para garantir a segurança e o bem-estar do paciente em altitude, seja no consultório, no planejamento de viagens aéreas, em períodos pré e pós-operatório ou no transporte aeromédico.”
A especialista reforçou também que o maior valor na aviação é a segurança, e não é possível pensá-la sem a presença do médico, parte fundamental do processo. “A Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial tem orgulho de contribuir para o fortalecimento dessa área no Brasil, promovendo integração, pesquisa e divulgação científica, e reforçando a importância da área de atuação como campo estratégico para a segurança do voo e para a Saúde de todos que voam”, concluiu.

Tradição brasileira
Em seguida, o Major Brigadeiro Reginaldo Pontirolli abordou a longa e respeitável tradição do Brasil nas atividades aéreas e espaciais. Ele relembrou a história da aviação em solo brasileiro, citando Santos Dumont, patrono da Aeronáutica, e o primeiro voo do mais pesado que o ar, em 1906, com o 14-bis.
Pontirolli também destacou a criação do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial – DCTA, em São José dos Campos, que trouxe consigo o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, que impulsionou sobremaneira a atividade aeronáutica no Brasil.
O Major Brigadeiro também relembrou a aprovação da criação da empresa pública chamada “Alada” (Lei 15.083, de 2 de janeiro de 2025), que impulsionará as atividades espaciais no Brasil, seguindo o modelo de outras nações para mitigar as restrições impostas pela legislação pública às forças que tocam essa atividade.

A programação do evento reuniu especialistas e autoridades nacionais, promovendo um espaço de troca de experiência, atualização científica e discussão de casos práticos, intercorrências médicas durante viagens, transporte aeromédico, emergências a bordo e saúde de tripulantes.
No primeiro dia de evento, houve painéis que discutiram os seguintes assuntos: “Passageiro com Transtorno do Espectro Autista: Aptidão para Voar”, “Intercorrência Médica Durante a Viagem: Retorno por Via aérea é Seguro?”, “Emergência Médica a Bordo: Tem um Médico na Aeronave?” e “Transporte Aeromédico: Quem Pode ser Transportado e Como?”.
Já no segundo e último dia, foram abordados os temas: “E Se o Paciente for Tripulante? Condutas e Limitações Operacionais”, “Posso Voar? O que avaliar? Estamos preparados para outra pandemia?” e “Medicina Aeroespacial”.
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