A sensação de barriga inchada é uma queixa comum e pode afetar tanto quem segue uma rotina saudável quanto aqueles que não prestam tanta atenção aos hábitos alimentares. O inchaço abdominal, que muitas vezes vem acompanhado de desconforto, ocorre por uma série de fatores que vão desde a retenção de líquidos até a produção excessiva de gases, passando também por questões hormonais e doenças gastrointestinais.
Entre as causas mais frequentes estão refeições ricas em gorduras e açúcares, além do consumo de alimentos que favorecem a fermentação no intestino, como feijão, brócolis e refrigerantes.
“Alimentos muito processados, ricos em gordura, açúcar e sódio, como salgadinhos, refrigerantes, embutidos e doces, geralmente pioram a situação. Produtos à base de leite e pães também é melhor evitar”, diz Renato Lobo, médico formado pela Faculdade de Medicina da USP e pós-graduado em nutrologia pela ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia.
A má mastigação e a pressa ao comer também podem contribuir para o inchaço, já que aumentam a quantidade de ar deglutido. Para algumas pessoas, a sensibilidade a determinados alimentos, como lactose e glúten, também é um gatilho recorrente para o inchaço.
“Outro motivo frequente é a constipação e o excesso de gases. Muitas vezes isso acontece porque a pessoa engole ar sem perceber, seja ao comer rápido, falar durante as refeições ou mascar chiclete, o que favorece a distensão abdominal”, relata Matheus Azevedo, especialista em nutrologia.
Ainda existem alguns carboidratos fermentáveis, conhecidos como FODMAPs, podem causar desconforto em pessoas MAIS sensíveis. “É o caso da lactose (presente no leite), da frutose (em algumas frutas), dos polióis (adoçantes) e de alimentos como trigo, cebola e alho”, acrescenta Azevedo.
O estilo de vida também tem um papel importante. O sedentarismo dificulta a motilidade intestinal e favorece a retenção de líquidos, enquanto o estresse altera a digestão e pode intensificar os sintomas.
“O estresse interfere diretamente no chamado eixo intestino-cérebro, aumentando a sensibilidade do intestino, alterando o ritmo da motilidade e favorecendo a aerofagia (ato de engolir ar). Isso faz com que o inchaço seja percebido, e até visível, com mais intensidade”, detalha o especialista.
Mulheres tendem a perceber a barriga mais inchada em determinados períodos do ciclo menstrual, devido às oscilações hormonais que aumentam a retenção de água no organismo.
Como aliviar o problema?
Para aliviar o problema, a primeira medida é ajustar a alimentação. Frutas ricas em água, como melancia e abacaxi, e vegetais como pepino e alface ajudam a reduzir a retenção.
“Consumir frutas e vegetais com propriedades diuréticas, como a melancia, o melão, o abacaxi e a laranja, ajudam a eliminar o excesso de líquido. Vegetais como a berinjela, o pepino e o chuchu também são ótimos”, detalha Lobo.
Chás de ervas, como camomila, erva-doce e hortelã, possuem efeito calmante sobre o trato digestivo e podem diminuir a produção de gases. Manter uma boa hidratação ao longo do dia também é fundamental, já que a água contribui para o funcionamento intestinal e ajuda o corpo a eliminar toxinas.
“Para quem sofre com retenção de líquidos, vale tomar o chá de hibisco e o dente-de-leão. É importante ressaltar que os chás são um complemento a uma alimentação saudável, não a solução completa”, acrescenta Lobo.
Outro aliado importante é a prática regular de atividade física. Caminhadas, alongamentos, por exemplo, estimulam a movimentação intestinal.
Atenção aos sintomas persistentes
Vale destacar que, embora a maioria dos casos esteja relacionada a hábitos do dia a dia, o inchaço persistente ou acompanhado de dor abdominal deve ser avaliado por um médico. Condições como síndrome do intestino irritável, intolerâncias alimentares e até problemas no fígado ou nos rins podem ter o inchaço abdominal como sintoma.
“É importante procurar atendimento médico se o inchaço vier acompanhado de sinais como perda de peso sem explicação, sangue nas fezes, febre, vômitos persistentes, anemia e dor que desperta à noite. No caso das mulheres, especialmente a partir dos 50 anos, devem chamar atenção a distensão abdominal contínua, sensação precoce de saciedade, dor pélvica ou abdominal frequente e urgência urinária repetida, pois podem indicar causas ginecológicas, incluindo alterações nos ovários”, acrescenta Azevedo.
Fonte: CNN Brasil – acesse aqui