Telemedicina é destaque no Congresso da AMB

Especialistas falaram dos avanços e das especialidades que mais utilizaram o recurso

Últimas notícias

No dia 25 de julho, durante o segundo dia de Congresso da Associação Médica Brasileira (AMB), foi realizado o painel “Telemedicina: A arte de cuidar a distância”, coordenado pelo presidente e vice-presidente da Comissão de Saúde Digital (CSD) da AMB, Antonio Carlos Endrigo e Jefferson Gomes Fernandes, respectivamente. Endrigo também ocupa o cargo de diretor de Previdência e Mutualismo da Associação Paulista de Medicina (APM).

O encontro contou com a participação da especialista em Endocrinologia e doutora em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Ana Cláudia Pinto, e do presidente do Conselho de Administração da Saúde Digital Brasil e gerente médico do Centro de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein, Carlos Pedrotti.

Antonio Carlos Endrigo iniciou sua fala destacando dados da pesquisa TIC Saúde 2022, a qual revelou que 33% dos médicos e 26% dos enfermeiros realizaram teleconsultas, enquanto 23% dos médicos e 29% dos enfermeiros atuaram com telemonitoramento.

Além disso, as especialidades que mais utilizaram recursos de Telemedicina foram Cardiologia, Psiquiatria, Dermatologia e Endocrinologia. Em 2023, foram realizadas mais de 30 milhões de teleconsultas no Brasil. “Houve um crescimento de 57% entre 2023 e 2024. Plataformas como a Doctoralia superaram 3 milhões de agendamentos em 2024”, destacou.

Segundo ele, 68% das instituições de Saúde oferecem serviços de Telemedicina em 2025. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), entre 2020 e 2022, foram contabilizadas 386 mil teleconsultas médicas e 982 mil teleatendimentos gerais, com maior concentração de atendimentos na região Sudeste.

“A adoção da Telemedicina é crescente, embora ainda desigual. A capacitação contínua dos profissionais permanece como um pilar essencial para consolidar essa transformação, assim como a integração com tecnologias, como a inteligência artificial, que vem ampliando significativamente o impacto assistencial. A Telemedicina é, hoje, uma realidade estratégica no contexto da saúde brasileira”, explicou Endrigo.

Jefferson Gomes Fernandes ressaltou o prazer em participar deste painel e o valor humano presente na prática digital. “A Telemedicina é também uma arte para escutar com atenção, perceber o silêncio e o que não se diz. Ela é presença que acolhe e, hoje, vivemos um novo tempo. É um método de cuidar e conectar com quem precisa, mesmo sem o toque. É estar presente mesmo longe, mantendo vínculo, ética e confiança entre médico e paciente. Estamos aqui reunidos para levar essa informação para todos os presentes”, expressou.

Ana Cláudia Pinto, por sua vez, também falou da satisfação de participar da discussão que, segundo ela, descreveu como apaixonante. “A Telemedicina é uma forma de levar o cuidado e eu já trabalho com isso há muito tempo. No entanto, a maior dificuldade enfrentada é a estrutura dos locais.”

Dando sequência à conversa, Carlos Pedrotti recordou que, em 1967, os Estados Unidos já utilizavam recursos de Telemedicina. Falou ainda que, no Brasil, esse tema antecedeu a pandemia de Covid-19 e já vinha sendo discutido por especialistas desde os anos de 2010 e 2011.

Segundo ele, o País tem, há muito tempo, uma relação de entusiasmo com a possibilidade de cuidar das pessoas a distância, o que torna o atual momento especialmente significativo. “É importante dizer que é preciso transformar o processo de atendimento e não adaptar o formato presencial para o digital. Além disso, as ferramentas de inteligência artificial para médicos, no dia a dia, vão muito bem, mas é fundamental ter atenção e cuidado. Elas podem ajudar bastante em determinada informação, mas é preciso checar sempre”, concluiu.

Fotos: Divulgação