Como parte das ações de conscientização ambiental promovidas pela Associação Paulista de Medicina, no próximo sábado, 23 de agosto, acontecerá a primeira edição do Fórum Médicos pelo Meio Ambiente e pelo Clima. O evento, que será híbrido e gratuito, visa destacar os impactos do aquecimento global e da crise climática na Saúde e irá contar com a participação de notáveis autoridades no assunto.
Entre eles, o médico e presidente do Conselho Português para a Saúde e Meio Ambiente, Luís Manuel Barreto Campos, que falará sobre “Saúde e Ambiente: Uma integração inadiável”. Para Campos, a maior parcela dos profissionais da Saúde tem consciência de que as alterações ambientais estão evoluindo de acordo com os cenários globais mais pessimistas e já são responsáveis por ocasionar uma em cada quatro mortes mundialmente.
“Temos a obrigação ética de nos comprometermos com o desafio de estarmos diretamente envolvidos com as questões climáticas. Este envolvimento deve ocorrer não só nas organizações em que trabalhamos, mas também por meio da adoção de comportamentos exemplares, sustentáveis e amigos do ambiente”, argumenta.
O médico acrescenta: “Não podemos desperdiçar o fato de sermos as profissões em que a comunidade mais confia. Precisamos fazer a nossa voz ser ouvida para afirmar que não estamos perante a um problema exclusivo de ambientalistas ou jovens radicais, mas sim, de uma crise que afeta a todos. A emergência climática tem que ser reconhecida e assumida como uma emergência de Saúde pública – e Saúde e ambiente têm estado há demasiado tempo separados”.
Campos relembra que a Organização Mundial da Saúde (OMS), sociedades científicas e órgãos ambientais de diferentes países já estão tomando atitudes a respeito da necessidade de envolvimento de profissionais da Saúde na luta ambiental. Como exemplo disso, está o pioneirismo da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, que foi a primeira organização de Medicina Interna do mundo a tomar uma posição pública a respeito do tema e emitir as recomendações necessárias. “Creio que a criação desta aliança dos médicos com o ambiente e o clima é uma importante contribuição para incentivar a integração necessária entre Saúde e Meio Ambiente.”
Distinções
Para ele, as consequências entre as alterações climáticas entre a Europa e a América Latina são semelhantes, no entanto, diferem na intensidade e possuem uma considerável variação regional.
Na Europa, vem se observando um aumento nas temperaturas, com ondas de calor mais intensas e prolongadas – o que não costumava ocorrer com tanta recorrência. Além disso, uma parte do continente, em maior escala no Sul, vem registrando incêndios mais difíceis de serem controlados, com seca e escassez hídrica, principalmente na região da bacia do Mediterrâneo, fazendo com que o Sul de Portugal e da Espanha sejam as regiões mais vulneráveis. No Norte, a causa mais preocupante é o aumento no nível do mar devido ao degelo acelerado das calotas, resultando em inundações inesperadas.
Na América Latina, por sua vez, o especialista indica que o aquecimento vem sendo mais forte nas regiões tropicais e subtropicais, agravadas pelos impactos de fenômenos como El Niño e La Niña, que contribuem para chuvas torrenciais e deslizamentos de gelo, além do impacto do degelo na região dos Andes, no Chile, que traz consequências no abastecimento de cidades como La Paz, na Bolívia, Lima, no Peru, e Quito, no Equador.
No Brasil, alguns dos principais e mais nocivos reflexos das mudanças climáticas refletem-se na região Amazônica. “A rapidez do desmatamento, quer por incêndios florestais ou para dar lugar a terrenos agrícolas, tem sido dramática, calculando-se que, nos últimos 20 anos, a Amazonia tenha perdido mais de 54,2 milhões de hectares de floresta.”
Segundo o médico, as medidas efetivas para se proteger contra as mudanças climáticas e torná-las menos nocivas à Saúde fazem parte de uma série de chamadas “ações de adaptação”. “Destaco a importância dos municípios na implementação dessas medidas, como na identificação das ilhas de calor, na promoção de estratégias de arrefecimento, na proteção das populações mais vulneráveis, na redução do desperdício de água, em uma gestão mais sustentável dos resíduos, no isolamento térmico das habitações, na promoção de saneamento básico e de qualidade da água, entre muitas outras”, conclui.
Estes e outros assuntos de ampla relevância serão debatidos no evento, que acontece neste fim de semana. Não fique de fora, para realizar sua inscrição e obter mais informações, acesse este link.