Durante os dias 30 de julho e 1º de agosto, o Conselho Federal de Medicina realizou, em Brasília, o XV Fórum Nacional de Ensino Médico. Contando com uma série de temas relevantes para a Medicina brasileira e para a formação médica no País, o evento teve apresentações de autoridades em Saúde, que puderam expor os seus pontos de vista sobre os principais assuntos que pautam o setor atualmente.
Dos tópicos abordados durante a conferência, esteve a discussão sobre “Residência Médica: Qualidade versus Quantidade”, com foco na universalização da especialização priorizando a qualidade dos programas de ensino. Fernando Sabia Tallo, diretor de Eventos da Associação Paulista de Medicina e 2º tesoureiro da Associação Médica Brasileira, foi um dos palestrantes da ocasião, acompanhado por Rodrigo Cariri Charlerge de Almeida, secretário executivo da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), e Rosana Leite Melo, membro da Comissão de Ensino Médico do CFM.
Juntos, os especialistas destacaram os principais desafios ocasionados pela expansão de vagas de residência, a qualidade da preceptoria e as defasagens entre a formação dos médicos e as oportunidades de emprego.
Alerta
Para Tallo, os efeitos da expansão desenfreada de escolas de Medicina no Brasil já estão sendo observados. “Temos hoje mais de 300 mil médicos generalistas em atuação no País, sendo que muitos deles saem da graduação sem nunca terem passado por um ambiente adequado de prática. Isso está criando uma subclasse médica marcada pelo subemprego, salários baixos e sobrecarga assistencial.”
De acordo com o médico, a falta de dados confiáveis sobre a formação médica contribui para as adversidades enfrentadas. Além disso, ele também destacou que a Comissão Nacional de Residência Médica deve se pautar na supervisão técnica dos profissionais.
“Precisamos de uma instância técnica, com dados consistentes, que diga o que pode ou não pode ser feito em termos formativos. A política pública deve vir depois, a partir desses diagnósticos. A formação médica está se tornando uma formalidade e isso é gravíssimo. Um País que já forma o maior número de médicos per capita no mundo não pode se dar ao luxo de negligenciar a qualidade”, expôs.
O diretor da APM pontuou que considera o Fórum Nacional de Ensino Médico do CFM o encontro mais livre e independente que existe no Brasil para poder se discutir a educação médica.
“É um local em que diferentes instituições, pensamentos e tendências se encontram para falar sobre o ensino de forma democrática e livre. É um encontro que está disponível para que todas as pessoas possam acompanhar, tanto alunos quanto professores e gestores. Acho que foi um evento muito importante”, manifestou.
Fotos: Divulgação CF



