Em entrevista, diretor da APM enfatiza que a IA é ferramenta poderosa para diagnósticos precisos

Antonio Carlos Endrigo falou ao site Brasil Confidencial sobre o tema

APM na imprensa

O diretor de Previdência e Mutualismo da Associação Paulista de Medicina (APM) e presidente da Comissão de Saúde Digital da Associação Médica Brasileira (AMB), Antonio Carlos Endrigo, falou ao site Brasil Confidencial, confira a seguir.

Inteligência Artificial na medicina é sinergia entre máquina e olhar humano

Em entrevista exclusiva ao Jornal BC TV, do portal BRASIL CONFIDENCIAL, o Dr. Antonio Carlos Endrigo — diretor de Previdência e Mutualismo da Associação Paulista de Medicina (APM) e presidente da Comissão de Saúde Digital da Associação Médica Brasileira (AMB) — trouxe à tona uma análise aprofundada sobre a crescente influência da inteligência artificial (IA) na medicina. Reconhecido como um dos maiores especialistas brasileiros em tecnologia aplicada à saúde, Dr. Endrigo explorou tanto os desafios quanto as vastas possibilidades que essa ferramenta, antes vista como futurista, já apresenta em consultórios e hospitais.

 Os Desafios e Lições do Passado: O Caso IBM Watson
Ao abordar os riscos do uso inadequado da IA, Dr. Endrigo relembrou o caso do IBM Watson, um marco na popularização da tecnologia no setor da saúde. Apesar do entusiasmo inicial, o projeto acabou se tornando, segundo ele, um “fiasco”. A principal falha apontada foi a base de dados restrita e, muitas vezes, incompatível com a realidade dos pacientes brasileiros.

“O Watson usava bases dos Estados Unidos, mas a população é do mundo inteiro. Faltam dados da Ásia, do hemisfério sul… Hoje a IA evoluiu bastante”, destacou.

Esse episódio evidenciou o risco dos vieses gerados pela IA e a necessidade de que médicos estejam preparados para aplicar essas tecnologias de forma crítica e contextualizada.

 A IA como Aliada na Otimização do Diagnóstico
Apesar dos percalços iniciais, a IA tem demonstrado avanços notáveis, especialmente em especialidades como a radiologia. Dr. Endrigo exemplificou seu impacto por meio da mamografia, exame preventivo essencial para a saúde feminina.

“A mamografia é feita não porque a mulher sente algo, mas por prevenção. Espera-se que a maioria dos exames seja normal.”

De fato, cerca de 91% das mamografias não apresentam anormalidades, enquanto apenas 9% indicam necessidade de investigação mais detalhada, como biópsias ou cirurgias.

Nesse contexto, a IA se mostra uma ferramenta valiosa para aumentar a eficiência médica. Segundo Endrigo, ao examinar centenas de mamografias, o médico pode facilmente se distrair ou cometer erros ao buscar os 9% que realmente exigem atenção. A IA, por sua vez, processa vastas quantidades de imagens — normais e anormais — com rapidez e precisão.

“Um supercomputador analisa imagens com velocidade, comparando padrões normais e não normais. Isso reduz a fadiga humana e foca a atenção nos casos críticos.”

Essa aplicação se estende a diversos outros exames de imagem, como tomografias, ressonâncias e radiografias.

 A Complexidade do Diagnóstico: Entre Precisão e Intuição
A entrevista também destacou a diferença entre doenças de diagnóstico preciso e aquelas que exigem maior sensibilidade humana. Em casos como a amigdalite, o diagnóstico é direto:

“É fácil identificar uma amigdalite. Um estudante de medicina vê as placas de pus e já sabe o que fazer.”

O tratamento segue um protocolo claro, sem muitas variações. Mas o cenário muda em doenças como a depressão:

“O computador não consegue identificar depressão facilmente. Isso depende muito da análise do médico.”

Há ainda doenças cujo caminho diagnóstico não é bem definido, ou que envolvem variabilidade genética. Nestes casos, a experiência médica é insubstituível.

“Às vezes a medicina ainda não tem clareza sobre o melhor tratamento, ou há muitas variáveis genéticas. Aí entra a intuição e o conhecimento do médico.”

É justamente nessas situações que a IA pode expandir as possibilidades de diagnóstico.

“A inteligência artificial oferece um leque muito amplo. O médico experiente consegue filtrar essas opções com discernimento. Sem IA, ele pode deixar passar doenças que nunca estudou.”

A sabedoria clínica e o olhar humano seguem essenciais, com a IA atuando como complemento estratégico.

 A Preparação para a Era Digital
Por fim, Dr. Endrigo destacou a importância da formação médica voltada ao uso de tecnologias emergentes:

“Muitos médicos não estão preparados para usar essas ferramentas.”

Ele ressalta que a prática médica exige investigação minuciosa de sinais e sintomas. Médicos experientes extraem mais das consultas, enquanto profissionais menos preparados podem se apoiar excessivamente em exames, sem dominar sua interpretação.

“Se a IA recebe poucas informações, pode sugerir uma conduta equivocada. O médico precisa saber interpretar os resultados.”

A precisão da IA depende da qualidade dos dados inseridos e da competência do profissional em contextualizá-los.

Assista à entrevista completa com o Antonio Carlos Endrigo:

Fonte: Brasil Confidencial – confira neste link