Lucro de planos de saúde tem alta de 140% e alcança R$ 6,3 bilhões no terceiro trimestre

Resultado líquido, que considera remuneração das aplicações financeiras das operadoras, foi a R$ 17,9 bilhões, o maior desde 2018

O que diz a mídia

Operadoras de planos de saúde registraram lucro operacional de R$ 9,3 bilhões entre janeiro e setembro, um aumento de quase 140% na comparação com o mesmo período do ano passado, e o maior em cinco anos. Já o lucro líquido, que também considera a remuneração das aplicações financeiras das operadoras num cenário de taxa de juros em alta, foi de R$ 17,9 bilhões, o maior desde o início da série histórica, em 2018, ultrapassando o então recorde, de R$ 15,9 bilhões, alcançado pelo setor em meio a pandemia, em 2020.

Os números foram divulgados nesta quinta-feira pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). 

Segundo a ANS, três das maiores operadoras — Bradesco, SulAmérica e Hapvida — concentraram 43% do resultado operacional informado à ANS, evidenciando a influência do desempenho dessas grandes empresas no resultado geral do setor.

Num setor de altas reservas técnicas, influenciam no resultado líquido os ganhos financeiros das empresas. Nos primeiros nove meses de 2025, as operadoras registraram lucro de R$ 11,1 bilhões em seus investimentos. O montante é o maior desde 2018, e 60% superior ao registrado em igual período do ano passado. 

Outro resultado positivo para os planos de saúde foi a sinistralidade, que encerrou o período em 80,8%, 2,3 pontos percentuais abaixo que o registrado em igual período de 2024. Essa métrica indica a fatia da receita das operadoras usada para custear a assistência aos usuários, ou seja, o uso do plano de saúde em si.

A recuperação do setor é inegável, mas não acontece da mesma forma para todo o segmento. Como mostrou o blog da colunista Miriam Leitão, há cerca de 7,2 milhões de usuários de planos de saúde estão conveniados a empresas com problemas financeiros. 

São 49 operadoras listadas em programas de adequação econômico-financeira, 26 em direção fiscal e 41 em processo de cancelamento. Segundo fontes, a diretoria da ANS vem discutindo a necessidade de um acompanhamento mais próximo dessas empresas diante do risco de problemas assistenciais. Há um diagnóstico de que há um problema sério de gestão no segmento.

— Há uma recuperação forte, lucros importantes, mas é um mercado ainda muito heterogêneo na sua performance — afirmou durante apresentação dos dados Jorge Aquino, diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS. 

Para Gustavo Ribeiro, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), que representa a maior parte das empresas, os dados divulgados pela ANS mostram um processo de recuperação do setor, mas destacou que um “conjunto significativo” de pequenas e médias operadoras “enfrentam desafios econômico-financeiros”:

— Essas operadoras têm um papel essencial na capilaridade do setor e precisam de atenção especial. A recuperação está em curso, mas ainda desigual. O desafio do próximo ano é consolidar esse equilíbrio, garantindo condições para que empresas de todos os portes consigam ampliar sua base de beneficiários em um cenário de mais previsibilidade econômica e jurídica.

Já a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa as maiores operadoras do setor, defendeu que os resultados estão “muito relacionados ao cenário macroeconômico”, com a manutenção da taxa básica de juros em patamares elevados.

A entidade também destacou que as operadoras “seguem enfrentando pressões” por aumento de custos, incorporação de novas tecnologias, maior uso pelos usuários pelo envelhecimento populacional e avanço da judicialização.

” Esses fatores continuam impactando a estrutura de custos das empresas e reforçam a necessidade de um ambiente regulatório estável, baseado em evidências, previsibilidade e diálogo técnico”, diz o texto.

Fonte: O Globo – acesse aqui